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11/Aug/2023

Diesel: preço defasado no Brasil afeta importação

A nova política de preços da Petrobras pode dificultar o abastecimento de diesel no País. Segundo cálculos do setor, a defasagem do preço do diesel nas refinarias da Petrobras chega a 28%, tornando a importação inviável para distribuidoras independentes. Em junho, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o diesel importado representou 24,33% do total consumido no País. Para a Petrobras, no mesmo intervalo, as importações chegaram a 46,1%. Como comparação, em 2017, auge do período em que a petroleira praticava o preço de paridade de importação (PPI), a estatal respondeu por apenas 2,2% das importações de diesel. Isso já se reflete no abastecimento do combustível. Ainda não há falta do produto, mas já se observa restrições na venda em alguns pontos do País.

Segundo a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), os relatos são de que não está havendo bombeamento do diesel S10. Em algumas localidades está difícil achar o produto e já se fala em aumento no preço. A Vibra, que adquiriu a BR Distribuidora em 2021, enviou aos clientes no fim de julho um informe sobre a adequação das suas vendas à restrição do óleo diesel S10, menos poluente. O documento diz que, em virtude das oscilações de disponibilidade do produto óleo diesel S10, em agosto haverá adequação das cotas dos clientes e restrição a novos pedidos para os clientes varejistas de bandeira branca e transportadores revendedores retalhistas (TRR). Os TRR são empresas autorizadas pela ANP a comprar o combustível a granel e depois revendê-lo.

Oficialmente, a Vibra informou que está atendendo normalmente a demanda regular pelo produto para seus clientes contratados. Segundo a consultoria Posto Seguro, as restrições de S10 já chegaram a 13 Estados, entre os quais Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Já o S500 estaria escasso em Rondônia, Bahia, Mato Grosso e Paraná. A importadora de diesel Nimofast informou que desde maio reduziu as viagens mensais de navios de sete para quatro, porque o mercado passou a optar pelo produto da Petrobras, mais barato do que as cargas vindas da Rússia com desconto ou do Golfo do México. Agora, porém, ante o cenário de escassez, a perspectiva da empresa é de retomada de mais cargas da Rússia, mesmo com preços acima dos praticados pela Petrobras.

Atualmente, o diesel russo é vendido com desconto e corresponde a 80% do volume importado vendido no País. A tendência é de que se repitam as dificuldades para obtenção de diesel vistas em 2022, quando a Petrobras represou preços alinhada à estratégia do governo para segurar a inflação a poucos meses da eleição presidencial. Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços no Brasil estão 23% abaixo dos praticados no mercado internacional, no caso do óleo diesel, e de 18% no caso da gasolina. Nas refinarias da Petrobras, a defasagem sobe para 28% e 24%, respectivamente, o que poderia levar a um aumento de R$ 1,14 por litro, no diesel, e de R$ 0,77 por litro na gasolina. Se a Petrobras não limitar a sua nova política de preços aos volumes de gasolina e diesel produzidos nas suas refinarias, as importações poderão ser descontinuadas, potencializando o risco do abastecimento.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, descartou aumento de preços na semana passada, quando o petróleo ultrapassou os US$ 85,00 por barril. Ele afirmou que, quando necessário, os combustíveis serão reajustados. A Petrobras descartou qualquer problema de abastecimento de diesel S10 no País. Os volumes importados para agosto já foram fechados, e no momento está sendo planejada a importação de setembro. Não há risco de desabastecimento. Ainda segundo a Petrobras, a nova estratégia de preços tem sido positiva e não gera prejuízo à empresa. O momento atual é de muito forte volatilidade. Os preços internacionais do petróleo e do diesel tiveram um aumento. Mas, dentro da nova estratégia comercial, estes ajustes estão sendo absorvidos, porque no passado seria necessário fazer reajustes contínuos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.