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02/Aug/2023

Terras: MST ampliando a pressão sobre o governo

Três meses após desocupar uma área de pesquisa da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), sob promessas do governo Luiz Inácio Lula da Silva de novos assentamentos, o Movimento dos Sem Terra (MST) voltou a invadir a unidade e escancarou a pressão sobre o governo. A nova ação do MST deu combustível para a ala ruralista no Congresso e renovou os temores de insegurança jurídica no campo. Durante o chamado “Abril Vermelho”, quando o movimento intensificou ações pelo País, os sem-terra invadiram, além da área da Embrapa, terras produtivas, e avisaram que, se o governo federal não cumprisse os acordos firmados, retomariam a ofensiva. No domingo (30/07), cerca de 1,5 mil integrantes do MST voltaram a ocupar a Embrapa Semiárido, desta vez um centro de experimentos de produção em ambientes com escassez de água e para a multiplicação de material genético de sementes e mudas.

Segundo os sem-terra, a decisão foi tomada porque o governo Lula não honrou a promessa de destinar áreas para assentar famílias na região e, desde as desocupações em abril, não houve avanço nos acordos. Na segunda-feira (31/07), no entanto, a Embrapa informou que o grupo havia deixado o local. A nova invasão aconteceu às vésperas do Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região, voltado a pequenos agricultores. A abertura da feira ocorreu nesta terça-feira (1º/08). Todos os ocupantes se retiraram e os trabalhos para a finalização da estrutura para a abertura do evento seguiram normalmente. Em abril, o MST ampliou a lista de exigências ao governo enquanto mantinha áreas produtivas e de pesquisa sob o controle de militantes. Após ter cedido e feito nomeações em órgãos federais, a gestão petista se mobilizou na época para receber mais demandas, convocando os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Fazenda, Fernando Haddad.

A ofensiva do MST no Abril Vermelho já havia causado problemas para o governo. A bancada ruralista na Câmara conseguiu apoio para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST. Apesar de o MST ter deixado a área da Embrapa, o episódio causou novo desgaste para o governo. Além dos trabalhos da CPI voltarem o foco para o governo, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobrou o Executivo. Para a FPA, a estratégia de invadir terras do Incra e da Embrapa expõe a segurança dos criminosos no governo federal, que diz manter diálogo com o MST. A pacificação no campo passa por políticas públicas de qualidade, mas também por ações contundentes, que, se não surgem do Executivo, surgirão do Legislativo. A FPA classificou a ação como “invasão de caráter meramente político para mandar recado para o governo aliado deles”.

Em junho, Lula afirmou que “não precisa mais invadir terra” no Brasil. “É simples, não precisa ter barulho, não precisa ter guerra”, disse o presidente durante a live semanal “Conversa com o Presidente”. A reocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia. O MST quer que o governo Lula cumpra seu papel em atender às demandas da reforma agrária e possa cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais, e não somente servir o agronegócio. Segundo o movimento, havia sido prometido que parte dos 2 mil hectares da fazenda da Embrapa seria destinada para assentar famílias. O governo também teria se comprometido a destinar áreas de outros órgãos federais, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), para assentamentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.