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01/Aug/2023

MG: “lítio verde” atrai investimentos de multinacionais

O mercado global de carros elétricos, que deve atingir vendas anuais de 40 milhões a 50 milhões de unidades em 2030, segundo projeções da indústria, transformou o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, em um grande atrativo para multinacionais de extração de lítio, minério essencial para as baterias. Além da abundância do mineral, que já é chamado de "ouro branco" por causa da grande demanda, a região tem outro atrativo valioso aos olhos dos investidores: o de dispor de jazidas de lítio verde, produzido de forma mais sustentável do que o de fabricantes tradicionais. Esse "selo verde" foi lançado pela Sigma Lithium, que começou a operar em abril nas cidades de Araçuaí e Itinga, onde investiu R$ 3 bilhões. Atentas a essa movimentação, outras três grandes mineradoras internacionais já estão se instalando no Vale do Jequitinhonha: a norte-americana Atlas, a australiana Latin Resources e a canadense Lithium Ionic, todas com projetos de produção sustentável, nos moldes do que faz a Sigma. Outra mineradora australiana, a Si6 Metals, adquiriu neste mês 50% da Foxfire, uma companhia brasileira que comercializa áreas de mineração e detém ativos na região do Jequitinhonha e em outros Estados.

As duas empresas que já atuam na mineração de lítio em Minas Gerais, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil, também têm programas de ampliação para disputar o mercado de baterias automotivas. E essa disputa deve se acirrar ainda mais, pois as gigantes Rio Tinto e Vale também avaliam projetos para a região. O Ministério de Minas e Energia (MME) calcula que os projetos para a produção de lítio e seus derivados podem receber investimentos de cerca de R$ 15 bilhões até 2030 apenas no Vale do Jequitinhonha, região que concentra 85% do lítio já identificado no País. A região, que abrange uma área que envolve 14 municípios, já vem sendo chamada de "vale de lítio". Os argumentos para a produção sustentável são o não uso de produtos químicos nocivos no processo produtivo, inexistência de barragens e reaproveitamento de 100% da água contaminada retirada do Rio Jequitinhonha e tratada na mina. Outro grande diferencial em relação à maioria das mineradoras em outras partes do mundo é a disponibilidade da energia 100% renovável.

O projeto da mineradora Sigma para extração e exportação de lítio do Vale do Jequitinhonha (MG) de forma sustentável tem algumas restrições, mesmo com seu "selo verde" reconhecido pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O princípio de ter uma mina de 2 quilômetros com 400 metros de profundidade a céu aberto contradiz o discurso de sustentabilidade, afirma o Instituto de Geociências do Departamento de Geologia da UFMG. É uma movimentação muito grande de terra para obter 6% de lítio do material que retiram da mina. Forma mapeados conflitos ambientais que envolvem comunidades afetadas por grandes empreendimentos. Um dos receios é de que o avanço das minas da Sigma e de outras empresas provoque a destruição ou expulsão de comunidades tradicionais como quilombolas, ribeirinhos e indígenas. Poeira, barulho e rachaduras em casas também são reclamações de moradores do bairro mais próximo à mina da Sigma em Itinga, chamado de Piauí Poço Dantas.

Os moradores reclamam principalmente da poeira e do barulho causados pelas máquinas de perfuração, em especial no período noturno. Por outro lado, houve melhora das ruas de terra, que receberam cascalhos, a instalação de caixas de água nas casas e a entrega de cestas básicas feita pela empresa. Mas, a poeira incomoda bastante, assim como as rachaduras nas paredes das casas causadas pelos tremores provocados pelas explosões feitas na perfuração da terra. A Sigma que trabalha para reduzir esses problemas. A Sigma também tem um sistema eletrônico que controla as explosões, fazendo com que as vibrações de solo sejam reduzidas em 50%, além de diminuir pela metade a emissão de carbono. Para a KPMG, é inegável que o impacto da atividade é alto, mas as empresas aprenderam muito nos últimos anos, inclusive após os acidentes de Mariana e Brumadinho, e estão adotando programas e tecnologias para evitar problemas ambientais e sociais.

Há uma corrida global pelo lítio e vão ganhar a competição países produtores que tiverem, além dos recursos minerais, estabilidade econômica e política, mão de obra qualificada e segurança jurídica. O setor deve aumentar muito seus investimentos e isso terá retornos para a sociedade. Um pouco desse retorno já é possível verificar em Araçuaí, cidade de 34 mil habitantes (segundo o último Censo), que espera ver seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 47%, para R$ 497 milhões no primeiro ano de atividades da Sigma em razão das novas atividades econômicas e dos royalties que a empresa começará a pagar no início de agosto. A vizinha Itinga, com 13,8 mil habitantes, prevê alta de 135% no PIB, para R$ 278 milhões. O grupo vai empregar diretamente 1 mil funcionários. Um novo hotel está em construção em Araçuaí e outros dois estão sendo ampliados, além de novos restaurantes e posto de combustíveis. Está faltando mão de obra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.