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31/Jul/2023

Armazenagem: desafios às safras recordes de grãos

O Brasil vai colher 317,6 milhões de toneladas de grãos na safra deste ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É um recorde, e o número foi comemorado na sexta-feira (28/07), Dia do Agricultor. São 44,9 milhões a mais que na safra de 2022, que também foi recorde. Esse será o maior volume de grãos já colhidos no País, e ainda falta terminar a colheita do milho, mas pode não haver armazém suficiente. Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do País, há milho estocado a céu aberto ou debaixo de tendas. De acordo com a Conab, além da boa produtividade de soja, houve melhor desempenho do milho 2ª safra de 2023 e aumento na área semeada com trigo, tudo aliado às boas condições climáticas. A agricultura brasileira tem demonstrado sua força e potencial para alcançar números cada vez mais elevados, com investimentos constantes que permitem aumento de produtividade. A soja vai atingir produção sem precedentes de 154,6 milhões de toneladas, 23,1% ou 29 milhões de toneladas acima da safra passada. O milho deve chegar a 127,8 milhões de toneladas, incluindo as três safras, com aumento de 12,9% ou 14,6 milhões de toneladas.

O atraso na colheita da soja em diversas regiões levou a um atraso no plantio do milho, que pegou temperaturas baixas na maturação, mas as lavouras se recuperaram bem. O cenário é muito positivo para o cereal. Outras culturas, como algodão, feijão e sorgo, seguiram a tendência de alta na produção. Já o arroz e alguns cultivos de inverno, como trigo, aveia e centeio, tiveram produção menor, sem prejudicar o volume da safra. A área plantada total este ano atingiu 78,2 milhões de hectares, adicionando 3,7 milhões (4,9%) à área semeada em 2021/22. Só a soja avançou 2,6 milhões de hectares, com aumento de 6,2%, enquanto o milho cresceu 576 mil hectares (2,7%). Com o aumento na produção, alinhado à maior demanda internacional, a previsão é de elevação no volume de exportações dos grãos brasileiros. Devido à demanda externa aquecida, em razão da guerra na Ucrânia, grande produtora, 48 milhões de toneladas de milho devem sair do País. Mesmo assim, o estoque interno ficará garantido com aumento de 27,6%, chegando a 10,3 milhões de toneladas.

Para a soja, as exportações devem atingir 95,6 milhões de toneladas, aumento de 21,5% em relação à safra passada. Em decorrência do aumento na produção de biodiesel, os esmagamentos da oleaginosa devem chegar a 52,8 milhões de toneladas. O cenário surpreendente desta safra foi a alta produtividade de milho, em que pese a queda nas cotações do cereal. Em função do ciclo mais longo da soja, prejudicado pelas chuvas na colheita, a semeadura do milho 2ª safra de 2023 começou com atraso e a cultura ficou exposta a geadas. À medida em que as lavouras se consolidaram, os riscos se dissiparam e, apesar da colheita se estender até setembro, o risco de perda é reduzido e com certeza será uma boa safra. A produtividade média, de 105,5 sacas de 60 Kg por hectares, é 14,8% superior à passada. Mato Grosso obteve média ainda maior, de 120,1 sacas de 60 Kg por hectare. A área plantada no Estado cresceu 8,9%. Houve boa distribuição de chuvas. Em São Paulo, o milho foi plantado com atraso devido às chuvas que retardaram a colheita da soja, segundo a Cooperativa Agrícola de Capão Bonito.

A produção de soja foi muito boa, choveu bem durante todo o ciclo. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o volume histórico da safra de grãos este ano. Os destaques são os recordes na produção de soja, milho e trigo, segundo o levantamento sistemático da Produção Agrícola. Os preços elevados das commodities fizeram com que os produtores aumentassem a área de plantio desses produtos. Houve aumento dos investimentos nas lavouras e o clima foi muito benéfico em 2023 em quase todas as áreas de produção, o que explica o recorde da safra brasileira de grãos. A grande dúvida enfrentada pelo produtor é se haverá espaço para guardar a safra e esperar eventual reação dos preços do milho. Em Mato Grosso, por exemplo, o ritmo da colheita está lento porque não há espaço suficiente nos armazéns, muitos ainda ocupados com soja. Os produtores têm recorrido ao silo bolsa (sacolas enormes para proteger os grãos), de operação mais demorada. Atualmente, o milho brasileiro é o mais competitivo do mundo, com a China fazendo compras fortes do produto.

A dúvida é se o Brasil vai conseguir superar essas dificuldades para fazer a entrega. Enquanto a produção brasileira de grãos tem crescido, em média, de 9 a 10 milhões de toneladas por ano, a capacidade de armazenagem não cresce na mesma proporção. Estimativas do setor indicam que pode faltar armazém para mais de 80 milhões de toneladas de grãos, já que os preços baixos não estimularam a venda antecipada dos produtos. Nas principais regiões produtoras de Mato Grosso, como Sorriso e Rondonópolis, é comum encontrar milho armazenado a céu aberto ou debaixo de tendas. A disponibilidade de dinheiro para plantar a próxima safra também preocupa os produtores, apesar do Plano Safra 2023/2024, de R$ 364 bilhões. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) afirmou que os números não são relevantes frente ao tamanho da agricultura. Também nos preocupa não haver nenhum anúncio de recursos para seguro rural, que é importante, principalmente no Rio Grande do Sul, onde houve problemas recentes de perdas agrícolas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.