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14/Jul/2023

Frete: valor baixo na Região Sul afasta caminhoneiros

Recálculo de rota. Essa tem sido a realidade de motoristas que transportam cargas agrícolas na Região Sul do Brasil nos últimos meses. Fretes a preços mais baixos, aumento de custos com o veículo e margens mais apertadas são reclamações recorrentes entre caminhoneiros e que têm levado a essa mudança de estratégia na hora de fechar uma operação. No Paraná, percorrer uma distância média de 150 Km a 300 Km do centro do Estado até o Porto de Paranaguá, de onde saem grãos para exportação, valia cerca de R$ 400,00 por tonelada em 2021. Agora, não chega a R$ 300,00 por tonelada. Diante disso, caminhoneiros têm trocado o corredor de exportação por trechos mais curtos. Motoristas autônomos relatam que, ao ir para Paranaguá, além de receber menos pelo trajeto, é preciso pagar para estacionar o caminhão, caso tenha de esperar um outro carregamento por mais de 24 horas para ganhar um extra na viagem de volta até a região dos Campos Gerais. Isso onera o motorista, que, além da manutenção cara, precisa gastar para ficar em Paranaguá.

No Porto de Paranaguá, só chega quem tem cadastro. Quem tem cadastro é quem tem cota, por isso, as transportadoras têm vantagem sobre os autônomos. Além disso, ao esperar para carregar ou descarregar, há risco de furtos de estepe, combustível e até roubo da carga. A redução do valor dos fretes que afeta os transportadores é reflexo da queda dos preços dos grãos no mercado internacional e dos estoques elevados atualmente. Segundo a Esalq-LOG, com os preços das commodities caindo bastante nos últimos meses, os produtores optam por armazenar o produto, reduzindo o fluxo das exportações de grãos e a demanda por frete. Normalmente, nos períodos de colheita (entre janeiro e maio), o valor do frete aumenta. Depois começa a cair, como ocorre agora. Outra explicação para a queda é a redução dos valores do óleo diesel que interfere na tabela de preços mínimos de frete. A Petrobras anunciou uma série de reduções no preço de combustíveis e a baixa do dólar frente ao Real fez com que o preço nacional do diesel caísse.

No fim de maio, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou uma redução dos preços mínimos de frete rodoviário de carga no País. A queda média nos valores do transporte variou entre 2,34% e 3,21%, a depender da categoria. Segundo levantamento do Sistema de Informação de Fretes (Sifreca), da Esalq-LOG nos corredores de exportação da Região Sul, como Paraná-Paranaguá e Rio Grande do Sul-Rio Grande, o frete caiu 12% e 17%, respectivamente, nos últimos três meses. O frete no corredor Paraná-Paranaguá, por exemplo, saiu do pico de R$ 155,94 por tonelada em abril para R$ 138,68 por tonelada no fim de junho. No trajeto Rio Grande do Sul-Rio Grande, o preço passou de R$ 139,29 por tonelada em março, mês que atingiu o maior valor do ano, para R$ 116,19 por tonelada em junho. A queda do diesel, que poderia ser um alento para os caminhoneiros, não estimula a opção por rotas mais longas. Foram 22 semanas seguidas de baixa até a semana passada. De 2 a 8 de julho, o valor médio chegou a R$ 4,95 por litro, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De acordo com a Associação de Transportes Autônomos de Ponta Grossa (Astrapon), os motoristas associados optam por rodar no máximo 30 Km entre as empresas, pois o frete dentro da cidade compensa mais. Para isso, precisam que tradings liberem cotas para carregamento das cargas. No sentido Ponta Grossa-Porto de São Francisco do Sul (SC), o frete chegou a oscilar entre R$ 65,00 e R$ 80,00 por tonelada. Não compensa para o motorista por causa do custo de manutenção do caminhão e das dificuldades com a infraestrutura das rodovias e das vias urbanas. O frete de retorno é outro fator que tem desestimulado os caminhoneiros. Os motoristas podem voltar do porto transportando fertilizantes ao interior do Estado, mas o valor não tem compensado. Segundo a consultoria Argus, o frete caiu, sobretudo, porque a baixa comercialização do insumo reduziu a demanda por transporte.

Entre o fim de maio e início de junho, no Rio Grande do Sul, caminhoneiros, principalmente os autônomos, manifestavam preocupações semelhantes às dos colegas do Paraná. Segundo o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam Rio Grande), tem o desgaste de pneu, manutenção e troca de óleo. Tudo afeta diretamente no frete, apertando a margem dos autônomos. De acordo com relato de caminhoneiro, o prazo é de 1 semana com o caminhão descarregado até conseguir o frete de retorno. A soja é levada por um percurso de cerca de 400 Km até o Porto de Rio Grande a R$ 70,00 por tonelada. O adubo sai a R$ 80,00 por tonelada. Assim, sobra pouco, pois o custo está alto. O óleo diesel e o pedágio são considerados caros pelos motoristas. De Rio Grande a Porto Alegre, por exemplo, são quase R$ 300,00 somando as praças de cobrança. Alguns caminhoneiros priorizam rotas mais curtas, pois em distâncias menores, sobra um pouco mais. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.