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22/Jun/2023

Brasil: custo para recuperar pastagens degradadas

Segundo o Mapbiomas, para promover a recuperação de toda a área de pasto degradado do País, hoje estimada em 95,5 milhões de hectares, o Brasil precisaria desembolsar via Plano ABC+, linha de financiamento do Plano Safra destinada para este fim, um montante de R$ 382 bilhões. O valor é cem vezes superior ao total ofertado pelo governo federal nos últimos cinco anos e leva em consideração um custo médio de R$ 4 mil por hectare nesta recuperação. Os dados foram apresentados por pesquisadores da Partnerships for Forests (P4F) durante a divulgação de um estudo inédito que mapeia iniciativas de pecuária sustentável em desenvolvimento no País para realizar um diagnóstico da cadeia e propor soluções para os principais desafios do setor nesse sentido, entre eles crédito, comando e controle do desmatamento, rastreabilidade e monitoramento, ganho de escala e mensuração de resultados.

Apesar dos ganhos evidentes, a difusão das boas práticas para os pecuaristas ainda é um desafio. É fundamental aprofundar o entendimento do assunto, considerando os diferentes ciclos produtivos e os diferentes perfis de produtores. Ainda que com características comuns, o “pecuarista” é composto por um público heterogêneo, que tende a ser avesso ao risco e a novidades. Ao todo, foram contabilizadas 112 iniciativas de pecuária sustentável no Brasil envolvendo 142 instituições com reflexo direto na produtividade nacional. A taxa de lotação passou de 1,39 bovino por hectare para 1,48 bovino por hectare e a produtividade em arrobas por bovino ao ano passou de 16,5 para 17,7. A comparação entre as Regiões Centro-Oeste e Norte do País, que concentram mais da metade do rebanho nacional, revela que esse avanço tem se dado de forma desigual.

Enquanto na Região Centro-Oeste as áreas de pastagens reduziram e o rebanho aumentou, a Região Norte registrou aumento no rebanho junto com o aumento nas áreas de pastagens. Ou seja, enquanto o Centro-Oeste vem transformando áreas de pastagem em áreas com outros usos e aumentando o rebanho com ganhos de produtividade, na Região Norte ocorre o crescimento de lotação de forma extensiva, ou seja, concomitante com a expansão de áreas de pastagem, especialmente sobre áreas de vegetação nativa. O crescimento desses indicadores se deveu, além das práticas de sustentabilidade, às pressões do mercado por bovinos cada vez mais jovens, em especial da China, principal cliente internacional do Brasil.

Todavia, esse processo não é absorvido por todos os ciclos da atividade produtiva da pecuária, sendo os produtores de cria os mais fragilizados e com menor acesso a oportunidades de modernização da produção. O estudo que coloca o produtor como elemento central para uma efetiva modernização da pecuária brasileira diante dos desafios ambientais que se colocam para o setor. É preciso trazer o produtor para o centro da questão, provendo condições para que o mesmo opte pela adoção de boas práticas. A possibilidade de auferir lucros fictícios (a percepção de lucro por parte dos pecuaristas é proveniente da frequente não incorporação de custos de terra e/ou mão de obra em suas análises financeiras, o que distorce os resultados reais) torna ainda mais complexa essa mudança de tomada de decisão. Sendo assim, um conjunto de instrumentos e incentivos para a reversão desse processo deve ser adotado. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.