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20/Jun/2023

Hidrogênio Verde: Total Eren mira em fertilizantes

A Total Eren, braço de renováveis da francesa de energia Total, avalia oportunidades ligadas à produção de hidrogênio no Brasil com foco em exportação, mas também para fornecimento no mercado nacional, sobretudo para a indústria de fertilizantes. Na questão dos fertilizantes, é uma oportunidade a curto e médio prazos para o Brasil na área. O País é quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e importa 85% do volume de produtos desse tipo necessários à agricultura, percentual que passa dos 90% no caso da amônia. Ressalta-se os esforços governamentais para alavancar o setor, que vai precisar de matéria prima, como o hidrogênio, que pode substituir o gás natural. O governo lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), com intuito de reduzir a dependência do País ao exterior nessa indústria. A ideia era reduzir a dependência de fertilizantes da 50% até 2050, meta que deve ser acelerada no governo atual. O Conselho Nacional de Fertilizantes (CNF) se reuniu pela primeira vez na semana passada e instituiu um grupo de trabalho para revisar o PNF, trabalho que será liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A migração para soluções descarbonizadas nessa indústria não vai ser espontânea, mas tende a ser estimulada por políticas públicas, caso da europeia, de taxar excesso de emissões de carbono, e que pode ter efeitos indiretos no Brasil. Grandes exportadores do agronegócio começam a perceber a necessidade de se adaptar ao uso de fertilizantes descarbonizados para preservar mercados na Europa, onde já há iniciativas de taxação de empresas locais e produtos importados com emissões associadas. A longo prazo, a Total estuda fornecer hidrogênio como fonte de energia para processos de indústrias intensivas em energia, como a siderúrgica. A previsão mais alongada se deve à necessidade de um retrofit (adaptação) das plantas envolvidas para receber o novo insumo como combustível no lugar de fontes fósseis, como gás e carvão, o que deve levar alguns anos. Não é como nos fertilizantes, em que basta trocar o insumo, nesse caso (siderurgia), será preciso adaptar processos e maquinário.

Ainda no Brasil, só depois, virá a questão do transporte, cuja discussão ainda é incipiente. O Brasil ainda não tem bateria para transporte, que dirá hidrogênio. O mercado de mobilidade, no entanto, já é uma das opções da companhia na busca por demanda no exterior. A Total Eren mantém equipe em busca oportunidades mais imediatas no exterior para o hidrogênio a ser produzido no Brasil. Outro condicionante da indústria de hidrogênio no País é o formato do negócio, que depende de demanda e contratos de offtake de longo prazo. O discurso da descarbonização é bonito, mas empresas e bancos só vão colocar dinheiro se for rentável e tiverem para quem vender. Nenhuma empresa vai colocar recursos se não tiver projetos de offtake de pelo menos uma parte da produção. Há pouca cultura de longo prazo no setor de fertilizantes, como os contratos de amônia, geralmente de um a três anos. É preciso adequar essa questão do offtake para o longo prazo. Os bancos estão dispostos a colocar dinheiro, mas é preciso haver precedentes, e o principal é o offtake, contratos de médio e longo prazo para seguir com bons projetos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.