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15/Jun/2023

Irrigação: demandas para o Plano Safra 2023/2024

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apresentou ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a necessidade de R$ 10 bilhões em investimento ao ano em irrigação para o País aumentar sua produção agrícola em 20% sem avanço de área. O Brasil está muito aquém disso. A irrigação é um componente importante na agenda sustentável porque permite aumento da produção sem necessidade de área. É preciso levar esse olhar também para o pequeno produtor. Se ele tiver acesso a crédito e usar irrigação, terá produção maior de alimentos. A entidade não apresentou qual o valor específico necessário para equalização para que o País alcance os R$ 10 bilhões anuais em investimento na área, mas espera um reforço na verba destinada para estes sistemas. No Plano Safra 2022/2023, foi disponibilizado R$ 1,3 bilhão em recursos para financiamento de irrigação.

É importante que haja mais recursos. Ao todo, contando com investimento fora de financiamento, o País carece de R$ 10 bilhões por ano em investimento em irrigação. Em virtude do juro atual, é difícil prever quanto seria necessário de recurso equalizável para chegar a esse multiplicador de R$ 10 bilhões. Hoje, o Brasil tem apenas 7% da área agrícola irrigada, com potencial de alcançar 30% da área agrícola irrigada, o que corresponde a 50% da produção atual. Quando houver 20% da área plantada do Brasil, isso vai corresponder a 40% da produção total nacional. A irrigação é a única tecnologia de produção que aumenta a produtividade em mais de dois dígitos, sem precisar incorporar novas áreas. O financiamento em irrigação deveria contemplar investimento de cinco a seis anos, incluir a depreciação das máquinas e custo de capital compatível com o investimento.

Hoje, o financiamento de uma máquina dura 25 anos e é inviável com as taxas de juros do Banco Central. Nada paga o custo do dinheiro. A receptividade do ministro ao pleito de mais recursos para irrigação foi positiva. O ministro entende que a irrigação é importante. Pelo fato de aumentar a produção de grãos, frutas, hortaliças, sem aumentar a área plantada tem uma pegada sustentável. Como o governo está envolvido na agenda ESG e ambiental, há boa receptividade. O ministro entende que irrigação é sinônimo de ESG no campo. Além da demanda específica para a irrigação, a Abimaq levou ao Ministério da Agricultura o pedido de um Plano Safra 2023/2024, a vigorar a partir de 1º de julho, robusto. Com o custo atual de capital do Brasil e a política monetária do Banco Central sendo grande adversária dos investimentos, se torna ainda mais importante um Plano Safra robusto.

Hoje, a taxa de investimento do Brasil está baixíssima em função do custo de capital. A entidade calcula que seria necessário entre R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões para equalização das taxas de juros de financiamento das linhas para médios e grandes produtores. Seria um número bastante razoável em relação ao que foi no ano anterior, de R$ 3,5 bilhões. É muito importante que o agro seja contemplado com quantidade necessária de recursos para investimento em maquinário. É importante porque sem isso o agricultor brasileiro não vai se atualizar tecnicamente. O ministro não abriu esse número, porque ele ainda está negociando com o Ministério da Fazenda. Fávaro reforçou junto à entidade que o Plano Safra deve ser anunciado até o fim do mês, sem estipular datas. O governo está muito envolvido no tema, discutindo com outras pastas e incumbido de colaborar com o agro. O desejo é que venha um número forte, bem melhor que foi no ano passado.

O ministro não falou de juros nem da quantidade de dinheiro que vai tentar conseguir nas negociações. A Abimaq reforçou as críticas quanto à política monetária do Banco Central, a qual classificou de "descolada" da realidade. O Banco Central está causando problemas para o País. A Selic nunca esteve tão deslocada da inflação quanto está hoje. O Banco Central e o próprio agro têm de entender que a política monetária da Selic traz vários prejuízos para o País. No agro, o custo de equalização fica maior e o custo para pegar dinheiro do Tesouro também. Essa especulação do Banco Central, além de prejudicar o custo de capital, prejudica um dólar deslocado do comércio. O Banco Central está prejudicando não só o comércio, o varejo e a indústria, mas a agricultura também. Haverá uma próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) antes do anúncio do Plano Safra, prevista para ocorrer entre 20 e 21 de junho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.