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13/Jun/2023

Máquinas: expectativas positivas para Plano Safra

A menos de um mês do início do Plano Safra 2023/2024, que vai vigorar a partir de 1º de julho, a indústria de máquinas agrícolas mantém a expectativa de mais recursos para o financiamento destes equipamentos. A perspectiva é de que o Moderfrota, principal linha de financiamento de máquinas, seja um dos programas-chave da política agrícola do governo Lula e tenha taxas de juros mais atrativas. As montadoras estimam que o montante a ser disponibilizado no programa para o próximo ciclo ficará entre R$ 13 bilhões a R$ 34 bilhões, conforme proposto pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O governo, por sua vez, sinaliza a intenção de reforçar o Moderfrota, mas em valores ainda não detalhados. Para a safra 2022/2023, o Ministério da Agricultura destinou inicialmente R$ 8,764 bilhões para o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras Moderfrota (Moderfrota).

Porém, com complementações feitas ao longo deste ano, atendendo à reivindicação da indústria, o montante disponível para a linha chegou a aproximadamente R$ 11 bilhões. A última suplementação para o programa, de R$ 1,9 bilhão operacionalizada pelo BNDES, foi anunciada na semana passada durante a Bahia Farm Show. Na avaliação da Case IH, fabricante de máquinas agrícolas do grupo CNH Industrial, a liberação de um volume de 10% a 15% maior que no ciclo passado ajudaria na extensão dos financiamentos. Na safra passada, acabou faltando recurso e o governo precisou fazer novos aportes. Se for 10%, 12% ou 15% a mais que no anterior, permitirá estender as vendas por mais tempo. A Case IH trabalhará para que toda a linha de crédito seja consumida. Para a New Holland Agriculture, também do grupo CNH, seria necessário um volume quase três vezes maior que o disponibilizado ao Moderfrota na safra passada para o mercado “rodar” com maior estabilidade.

Uma cifra de cerca de R$ 30 bilhões seria suficiente para evitar solavancos e interrupções nas vendas por esgotamento de crédito público. A expectativa é de que venha um volume maior de recursos em comparação com anos anteriores. No ano passado, o valor durou menos de dois meses. O valor financiado tem aumentado nos últimos anos, enquanto o montante do recurso permanece estável, portanto, é necessário um volume de recursos maior para realmente ter previsibilidade e perenidade nessa linha e fazer negócios durante todo o ciclo 22023/2024. A Massey Ferguson, marca de máquinas agrícolas do grupo AGCO, lembra que o aumento de 8% na cifra para o Moderfrota atual ante o anterior foi parcialmente consumido pelo incremento dos preços do maquinário, fazendo com o recurso tenha sido insuficiente para a demanda de equipamentos. Para o novo Plano Safra 2023/2024, é esperado um aumento substancial nos recursos.

O governo está com algumas medidas importantes para subsídios de preços, seja para automóveis, seja para caminhões. Como a agricultura é o motor impulsionador do PIB, nessa linha de incentivo, o governo deva vir com um Plano Safra muito superior ao anterior. Ainda não se sabe quais serão as condições de financiamento, mas haverá disponibilidade de dinheiro ainda maior que a do ano passado. O Brasil ainda possui uma demanda reprimida por máquinas agrícolas em comparação com outras regiões produtoras, como os Estados Unidos e a Europa, com menor número de máquinas por hectare. Há muito para crescer ainda em relação à demanda de máquinas por hectare e por produtividade. Para o agricultor ter a necessidade de investimento coberta, seria necessário volume substancial. A Fendt, marca alemã de máquinas de alta potência do grupo AGCO, aguarda pelo Plano Safra, mas já se prepara com linhas próprias de financiamento ao agricultor a fim de evitar possíveis esgotamentos nos recursos oficiais.

O mercado se adequou à falta de crédito. Já surgiram várias ferramentas, como consórcios e linhas próprias juntamente com banco de fábrica e revenda. Alguns produtores têm buscado também troca de grãos por máquinas. As fabricantes esperam que os juros aplicados no Moderfrota 2023/2024 permaneçam próximos ao praticado na política atual, mas com viés de redução. A perspectiva das montadoras é de que as taxas permaneçam na faixa dos dois dígitos, considerando a taxa Selic em 13,75% ao ano. Atualmente, a taxa de juros prefixada do Moderfrota é de até 12,5% ao ano, com prazo de sete anos para aquisição de itens novos e de quatro anos para itens usados. Na avaliação da New Holland, já há entendimento no mercado de que os juros do Plano Safra tendem a acompanhar a Selic. Não há expectativa de expressiva redução porque sabe-se que, para a redução de juro de algo que você capta no mercado, há um volume de recurso de equalização muito grande para colocar em cima para conseguir baixar um pouco essa taxa.

A expectativa é que os juros não tenham muita diferença daquilo que já vem sendo praticado nos últimos meses, mas, com o volume maior de recursos, vai ajudar o mercado. O mercado e o governo não apontam para taxa abaixo do que está sendo praticado hoje em máquinas e equipamentos, 12,5% ao ano deve permanecer no próximo Plano Safra. A Fendt concorda com a expectativa de manutenção da taxa acima de dois dígitos e aponta que os fabricantes têm subsidiado parte dos juros juntamente com os bancos de fábrica e concessionárias para viabilizar os financiamentos. O AGCO Finance, banco de fábrica voltado às marcas do grupo, prevê uma leve redução nas taxas aplicadas, mas ainda semelhantes à praticada na safra atual. Deve continuar em dois dígitos, mas pode ser que diminua para 11% ou 11,5% ao ano, mas ainda é uma incógnita porque não se sabe quanto o governo vai disponibilizar para a equalização de juros. Nos próximos meses, com diminuição das taxas e maior volume de recursos, o produtor voltará a adquirir os equipamentos por meio dos financiamentos.

A visão é compartilhada por agentes financeiros privados. O Santander espera que as taxas do Plano Safra sigam próximas à Selic. O banco prevê Selic em 13% ao fim deste ano e em torno de 11,5% em 2024, período de vigência do Plano Safra, que vai até 30 de junho do próximo ano. A taxa de juros de investimento em máquinas, deve ficar em dois dígitos por uma questão de equalização por parte do governo. O Bradesco projeta queda na Selic a partir deste ano para em torno de 12% e continuidade da queda ao longo de 2024. O Plano Safra tende a levar em consideração a previsão de queda da Selic para os próximos 12 meses, o que implica na queda do custo de captação para o banco. O Plano Safra, em tese, tende a encerrar com uma taxa Selic menor que a do início, para uma média em torno de 11%, o que é bom para equalização das taxas pelo Tesouro. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para discussão da Selic deve ocorrer entre 20 e 21 junho, antes do anúncio oficial do Plano Safra 2023/2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.