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13/Jun/2023

Bahia Farm Show: Executivo e agro mais próximos

A 17ª Bahia Farm Show, que terminou no sábado (10/06) em Luís Eduardo Magalhães (BA), marcou um novo capítulo na reaproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o agronegócio. Com a participação na abertura da feira, Lula anunciou medidas concretas ao setor produtivo e buscou apaziguar as rusgas entre agricultura familiar e empresarial. Lideranças e representantes do setor à frente de entidades de classe avaliam que a presença do presidente no evento inaugurou uma nova fase na relação entre e agro e governo, mas os produtores divergem tanto sobre a presença de Lula quanto ao interesse dele em fomentar o setor. A visita ocorreu no primeiro dia, mas foi o assunto predominante durante toda a feira. No evento, o governo federal anunciou a suplementação de R$ 3,9 bilhões para o Plano Safra 2022/2023, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e prometeu viabilizar a duplicação da BR-242 e concluir a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).

Lula esteve acompanhado de uma grande comitiva, formada desde o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, da Casa Civil, Rui Costa, ministro dos Transportes, Renan Filho, à presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. Para além dos recursos e promessas de projetos logísticos, a visita de Lula teve um significado político mais amplo e no caminho da reconstrução de pontes com o setor. Segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o presidente Lula sinalizou para a construção de pontes com o agro. Foi aberto um diálogo com o governo federal, da qual todo o agronegócio brasileiro vai sair ganhando. Isso é importante. Foi o primeiro encontro do presidente com o agronegócio em seu terceiro mandato e sua primeira visita ao oeste da Bahia, após o setor ter apoiado majoritariamente a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um início de gestão marcado pelas invasões de terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do seu ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ter sido “desconvidado” da Agrishow.

Lula concentrou seu discurso nos avanços do agro nas suas gestões anteriores, prometeu um Plano Safra robusto, defendeu a conciliação entre agricultura familiar e empresarial e tocou em temas caros ao setor, como sustentabilidade, a logística e a exportação dos produtos agropecuários. A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) concorda que daqui para frente será uma nova fase na relação com o governo. É preciso seguir em frente. O Brasil precisa disso, haja visto o potencial que o agro tem e tudo que faz para a economia do País. O agro tem de seguir em frente, pois há muita coisa para ser feita e muitas pessoas para serem alimentadas. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o País exige essa reaproximação entre setor produtivo e Executivo. É importante todos os setores se envolverem nas suas demandas e trabalharem em prol do Brasil. O agro tem que trabalhar com os governos que estão presentes. Os sinais são de um bom relacionamento no futuro, atendendo às demandas e juntos ajudando a levar um Brasil melhor para frente.

Apesar da avaliação positiva das lideranças do setor, a presença de Lula no evento não foi unanimidade na região. No palco da abertura, constatou-se a ausência de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLem), que alegaram compromissos externos agendados anteriormente. Nos bastidores da feira, alguns produtores estavam contrariados com o convite da organização a Lula, embora ele seja feito em toda edição ao presidente vigente. Parte viu o convite como institucional e necessário, mas evitou participar da feira no primeiro dia, data da visita. Uma terceira parcela lembrava ainda de declarações negativas de Lula quanto ao agronegócio durante a campanha eleitoral. Outros criticaram a atitude do presidente de circular pela feira com o parque fechado aos visitantes sob a alegação de questões de segurança. Em um local paralelo ao evento de abertura, na bilheteria do parque, houve registro de vaias por expositores do evento ao presidente Lula.

Apesar de a Bahia ser um tradicional reduto petista, o oeste baiano, polo da produção agrícola de grãos e algodão do Estado, foi uma região de importante apoio na tentativa de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Luís Eduardo Magalhães foi uma das duas cidades da Bahia, de um total de 417, em que Bolsonaro recebeu mais votos do que Lula na eleição de 2022. Este foi o segundo ano que o evento contou com a participação presidencial na abertura. Na edição passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ao evento. Diferentemente de Lula, Bolsonaro concentrou seu discurso na pauta de costumes e decepcionou o setor produtivo à época pela ausência de ações efetivas e de sinalizações a questões importantes para o agronegócio. Lideranças empresariais avaliam que o “tradicional pragmatismo” do agro está dividido entre “dentro e fora da porteira”. Os empresários, de máquinas agrícolas a sementes e frigoríficos, sabem que o setor depende de medidas de governo. Os produtores estão mais resistentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.