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05/Jun/2023

Setor Industrial à espera de medidas governamentais

De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda de 0,6% registrada na produção industrial em abril ante março eliminou parte do avanço de 1,0% registrado no mês anterior. A indústria registrou retração em três dos quatro primeiros meses de 2023. A queda em abril elimina apenas parte da alta de março. Mas, tem predomínio de resultados negativos no ano de 2023. Em abril ante março, houve redução em 16 dos 25 ramos pesquisados. As perdas na maioria dos setores investigados diferem do desempenho industrial em janeiro (-0,3%) e fevereiro (-0,2%), quando a queda na produção ficou mais concentrada, havia predomínio de atividades em campo positivo.

Desde outubro de 2022 não se observava um espalhamento tão grande de atividades em queda. Abril foi marcado pelo menor dinamismo. O setor industrial permanecia produzindo em abril em patamar semelhante ao de janeiro de 2009. A taxa de juros mais elevada encarece o crédito e dificulta novas concessões, ao mesmo tempo em que o endividamento das famílias se mantém alto, o que também atrapalha a demanda. A inflação permanece presente como um entrave à melhora no orçamento das famílias, mas já não influencia como no ano passado. O mercado de trabalho tem melhora, mas ainda tem um contingente importante de pessoas fora dele. Pelo lado da oferta, alguns setores enfrentam dificuldade de acesso a matérias-primas e componentes, como a atividade de veículos automotores.

O desempenho da indústria automobilística ainda é afetado por reduções de jornada de trabalho e paralisações. Automóveis e caminhões, itens de maior peso na atividade de veículos, tiveram queda na produção em abril ante março, ajudando também no mau desempenho das categorias de bens de capital (onde entram os caminhões) e bens duráveis (onde são contabilizados os automóveis). A fabricação de bens de consumo duráveis encolheu 6,9% em abril ante março, queda mais acentuada desde julho de 2022, quando tinha recuado 7,9%. A produção de bens de capital, que indica investimentos, despencou 11,5%, maior tombo desde abril de 2020, quando diminuiu 34,5% devido ao choque provocado pela pandemia de Covid-19.

Esses dois grupamentos, que têm relação importante com crédito e taxa de juros, são duas categorias econômicas com perdas intensas não só nesse mês, mas também nos meses recentes. A política monetária mais restritiva tem um papel importante para entender o motivo pelo qual segmentos industriais têm perda importante nos últimos meses. Ao comentar os dados da produção industrial de abril ante março, que reportaram queda de 0,6% da indústria da transformação como um todo, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) lembrou que algumas das medidas governamentais que serão lançadas trarão algum alívio para o setor fabril, mas que o ano de 2023 ainda será ruim para a indústria em geral. Por enquanto, a Abimaq mantém sua projeção de 0,1% de queda para o setor neste ano, mas vai revisá-la.

Dentre as medidas governamentais que podem trazer estímulo para a indústria está o Plano Safra da Agricultura. O Plano Safra vai liberar uma carteira grande de investimentos que estão represados e que, ao serem desengavetados, vão repercutir na indústria de transformação como um todo. Mas, o que ajudaria mesmo seria pelo menos uma sinalização do Banco Central no sentido de começar a reduzir a taxa de juro. A reforma tributária, se andar, também deixaria as empresas entusiasmadas para investir. A elevada taxa de juro e a falta de recursos públicos com taxas subsidiadas têm levado a uma inibição dos investimentos. No ano passado, 80% das vendas de máquinas agrícolas foram feitas com capital próprio.

Outro levantamento, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que 70% dos investimentos da indústria da transformação em 2022 também foram feitos com capital próprio. É muito pouco e explica a queda de 3,4% dos investimentos feitos em Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no primeiro trimestre de 2023 (de acordo com o PIB do período) e de 17% na FBCF. A indústria como um todo alimenta grande expectativa em relação ao "Plano Safra da Indústria" que está sendo negociado com o BNDES. A Abimaq tem conversado bastante com o banco de fomento no sentido de convencê-lo a subsidiar parte da taxa de juro que corrigirá o principal emprestado. O próprio BNDES tem demonstrado otimismo em relação a essa questão. Se o Plano Safra for aprovado e tiver boas condições de prazo e juros, a partir do ano que vem a indústria poderá começar a apresentar resultados melhores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.