29/Mai/2023
Perto de sair de uma recuperação judicial iniciada em 2017, a Eternit deixou o passado de amianto para trás e está mergulhando na geração de energia solar em telhas. Primeiro começou a fabricar as de concreto, equipadas para gerar energia elétrica em casas de alto padrão. Agora, será vez das telhas solares de fibrocimento, produto inédito no Brasil e que visa popularizar a fonte de energia, inclusive em favelas. Em 2017, começou a reestruturação da empresa, com abertura de várias frentes, como mudar a tecnologia, sair do amianto, que era o grande passivo da companhia e do qual foi possível se desfazer em 2018. De lá para cá, a Eternit abandonou negócios que não davam lucro, como louça sanitária, metais, caixa d’água, entre outros, e priorizou a área em que era mais forte: as telhas. A reestruturação vem dando certo. Apesar de ainda estar em recuperação judicial, a empresa já paga dividendos aos acionistas há dois anos.
Todos os credores foram pagos, mas, tecnicamente o juiz não suspendeu a recuperação. Para que isso aconteça, falta o julgamento de uma questão técnica no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de pagar os credores e enxugar o negócio, a companhia voltou a investir e a comprar concorrentes, como a fabricante de telhas de fibrocimento Confibra, fundamental para o novo produto que está sendo oferecido ao mercado. Mais leves que as de concreto, lançadas em 2019, as telhas de fibrocimento são mais adaptáveis a casas menos estruturadas. Para demonstrar a viabilidade do novo produto, a Eternit procurou concessionárias de energia elétrica e, em parceria com a ONG Revolusolar, tem buscado moradores nas comunidades Chapéu Mangueira, Babilônia ou Ladeira Ari Barroso, na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), para um projeto piloto.
A ideia é selecionar uma residência, para a qual serão fornecidas e instaladas telhas fotovoltaicas de fibrocimento e entender como será feito o transporte, a eficácia da insolação e outros quesitos técnicos. A telha vai direto para o telhado: é só tirar a telha comum e trocar pela de fibrocimento. É só ligar como se fosse um painel fotovoltaico qualquer, tem um cabeamento, um suporte. O projeto feito com as comunidades do Rio de Janeiro é uma maneira de mostrar o quanto esse produto pode ser acessível para consumidores de baixo poder aquisitivo. O programa Minha Casa, Minha Vida está analisando o produto para saber se é viável sua incorporação às construções populares. Apesar de as telhas de fibrocimento custarem mais do que as telhas comuns, de cerâmica (conhecidas como telhas de barro, pela cor), a empresa vem demonstrando às construtoras que elas geram dinheiro com a economia na conta de luz, que podem chegar a R$ 50,00 a R$ 100,00 por mês em casas populares.
A depender do tamanho da casa, às vezes quatro telhas de fibrocimento já dão uma redução significativa na conta. Apesar de a matéria prima da telha ser importada, a tecnologia é nacional e foi patenteada pela Eternit, que pretende exportar o produto. A empresa tem a patente, fez o módulo, fez uma fábrica (em Atibaia - SP) para construir o módulo. A tecnologia é nacional. A Eternit também está de olho no agronegócio. A empresa tem um piloto grande para o agronegócio, que pode usar em galpão para confinamento de boi, para avicultura e suinocultura. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), a primeira telha solar fotovoltaica foi criada há cerca de cinco anos pela Tesla, nos Estados Unidos. No Brasil, o primeiro registro é da Eternit, em 2019, com as telhas de concreto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.