19/Mai/2023
O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, afirmou que a presença do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, na viagem do governo à China, em março deste ano, visava discutir equipamentos para a agricultura familiar junto a empresários do setor e estabelecer mecanismos de diálogo. O presidente Lula chamou empresários e chamou também João Pedro Stédile para ir à China discutir o tema dos equipamentos. A ideia é 'tirar fogo' do campo e estabelecer mecanismos de diálogo e diálogo só existe com duas partes na mesa.
A ida de Stédile à China desagradou ao setor produtivo, especialmente após os registros de ocupações de terra no último mês. Outro motivo de descontentamento pelo setor foi a nomeação de Ayala Lindabeth Ferreira, da direção nacional do MST, ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado Conselhão. Em janeiro, Stédile havia sido convidado para compor o colegiado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não esclareceu se o convite foi recusado ou retirado. O Conselhão assessora Lula na formulação de políticas e diretrizes do governo federal.
Paulo Teixeira, garantiu que o MST não arbitrou na indicação de superintendências regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As nomeações dos Incras regionais foram indicadas pelas bancadas e parlamentares, nenhum Incra regional foi indicado por algum movimento. Cinco dos nomeados para a superintendência do Incra eram nomes apoiados pelo MST, conforme constava em planilha repassada pelo movimento. O MST apoiou as indicações dos novos superintendentes do Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Rio de Janeiro. O ministro ressaltou a importância da reforma agrária no Brasil, mas ponderou que o programa deve ser elaborado com cuidado, apoio de assistência técnica, de crédito, de máquinas e apoio gerencial para famílias terem resultados importantes.
Também é importante que a reforma agrária inclua um componente ambiental. Há conversas no governo para um programa de reflorestamento da Amazônia e de recuperação do Pantanal. O ministro citou, ainda, a necessidade de recuperação das nascentes e mata ciliares no Rio Grande do Sul, por causa da estiagem. O MDA, o Ministério da Agricultura e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão trabalhando juntos em um programa para recuperação de pastagens. São 50 milhões de hectares cultivados e é possível ter mais 50 milhões de hectares com recuperação de pastos degradados, sem cortar uma árvore.
Os ministérios têm bom relacionamento conjunto e reiterou a defesa da permanência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Ministério do Desenvolvimento Agrário. A Conab está comprando alimentos da agricultura familiar e, por isso, a ideia é compartilhar atribuições com o Ministério da Agricultura, mas que não saia do MDA. Anteriormente, a estatal era atrelada ao Ministério da Agricultura. Teixeira defende que a Conab tenha um papel na política de combate à fome e de apoio ao agricultor familiar, que tem mais dificuldade de acessar o mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.