10/Mai/2023
Pesquisa do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) cujo título é "Conectividade Rural na América Latina e no Caribe: estado da situação, desafios e ações para a digitalização e o desenvolvimento sustentável", com dados coletados entre 2020 e 2022, em 26 países da região, mostra que cerca de 72 milhões de pessoas que vivem em zonas rurais de 26 países latino-americanos e caribenhos carecem de conectividade com padrões mínimos de qualidade. No Brasil, 13 milhões estão nesta condição. O levantamento também revelou a diferença de conectividade entre regiões urbanas e rurais. Segundo a pesquisa, 79% da população urbana dos países analisados contam têm serviços de conectividade significativa, enquanto entre as populações rurais, a porcentagem é de 43,4%. Essa diferença entre a conectividade rural e urbana mina um imenso potencial social, econômico e produtivo no âmbito estratégico no qual está em jogo a segurança alimentar e nutricional de boa parte do planeta.
Os dados constatam que existe um atraso rural que requer ações decididas e soluções inovadoras. No caso do Brasil, a conectividade significativa urbana é 1,5 vez mais abrangente do que nas zonas rurais, uma diferença um pouco menor do que nos demais países do levantamento, onde a diferença média de conectividade entre o rural e o urbano chega a 1,8. Enquanto nas zonas urbanas do Brasil o Índice de Conectividade Urbana é 0,821, o Índice de Conectividade Rural é 0,542. Na América Latina e Caribe, o Índice de Conectividade Urbana médio é 0,794, e o Rural, 0,434. As dificuldades para aumentar o acesso à conectividade rural mais rapidamente na maioria dos países passam por obstáculos persistentes no emprego dos fundos de acesso universal, por problemas na implementação de novas instalações em virtude da infraestrutura elétrica e de rodovias, elevados custos de investimento e menor custo-efetividade para as companhias operadoras, além de escassez de estímulos que estimulem os investimentos no âmbito rural.
Superar a diferença de conectividade e de habilidades digitais na ruralidade requer a concordância de políticas públicas, a participação do setor privado e a cooperação internacional. Os países da região, embora estejam encarando ações em termos de atualização de estruturas regulatórias e desenvolvimento de agendas e políticas digitais, ainda não conseguiram implementar soluções em grande escala e apresentam requisitos significativos em termos de investimentos em infraestrutura. As estimativas realizadas permitiram caracterizar a situação da região mediante três clusters em que todos exibem atrasos de conectividade, presentes nas áreas rurais há décadas: Argentina, Barbados, Bahamas, Belize, Brasil, Costa Rica, Chile, Panamá, Trinidad e Tobago e Uruguai estão no cluster dos 10 países de maior conectividade significativa rural, que representam 24% da população rural dos países analisados.
Nesse grupo, os países que mostraram maior avanço quanto à medição anterior foram Barbados e Belize, com aumentos de mais de 50% de moradores rurais que agora têm acesso a uma conectividade significativa. Argentina, Costa Rica, Trinidad e Tobago e Uruguai também registraram melhorias relevantes na porcentagem de habitantes da ruralidade com conectividade significativa, perto de 30% ou mais. Colômbia, Equador, El Salvador, Jamaica, México, Peru, República Dominicana, Paraguai e Suriname são os nove países que integram o cluster de nível médio de conectividade significativa rural, grupo que representa 46% da população rural analisada. Desse grupo, Peru, México, Honduras e Bolívia apresentaram os avanços mais significativos em termos do porcentual de habitantes da ruralidade que melhoraram suas condições de conectividade. Bolívia, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Nicarágua e Venezuela são os sete países que integram o cluster de baixa conectividade significativa rural, que representa 30% da população rural analisada.
O IICA realizou a pesquisa com o apoio do Banco Mundial, da Bayer, do Banco de Desenvolvimento da América Latina - CAF, da Microsoft e da Syngenta a partir de um consenso interinstitucional que considera que a promoção da conectividade é uma condição indispensável e prioritária para permitir o desenvolvimento do conjunto da vida produtiva, social e comunitária na ruralidade. Entre outras recomendações em questões de políticas públicas, o estudo inclui: garantir uma conectividade acessível e significativa para fins educativos e, juntamente com o hiato de acesso, abordar o uso das novas tecnologias entre a população; abordar o problema das habilidades digitais, segmentando os destinatários das iniciativas. São necessárias estratégias diferenciadas de formação para os jovens imersos na escolarização e a população economicamente ativa que precisa passar pelo processo de reconversão produtiva; entre outras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.