08/Mai/2023
A compra de equipamentos agrícolas por meio de consórcio se mostrou uma tendência entre as tratativas da 28ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), que terminou na sexta-feira (05/05). A modalidade tem o diferencial de oferecer valores mais acessíveis, sem a cobrança de juros ou de entrada, embora não permita a aquisição imediata dos produtos. O banco cooperativo Sicredi ficou surpreso com o apetite. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios mostram que o mercado de consórcio para o agronegócio cresceu mais de 60% nos últimos 7 anos. O banco Santander apostou no consórcio na Agrishow de 2022 e repetiu a receita de sucesso neste ano. A modalidade de aquisição movimentou R$ 430 milhões no ano passado e todos os clientes do banco foram contemplados. A cooperativa de crédito Credicitrus afirma que, diante do atual patamar da taxa básica de juros, o consórcio "é uma onda que o cooperado pode surfar" e observou mais interesse pelo modelo de negócio nesta edição da feira.
O Banco Komatsu do Brasil, vinculado à fabricante japonesa de equipamentos e tecnologias e serviços para agricultura, mineração, construção, indústria e operação florestal, pretende entrar para o “clube” do consórcio. O banco vê potencial de vendas de 10% a 15% para a modalidade de aquisição de bens. A ideia da instituição é lançar o consórcio próprio até agosto deste ano, em parceria com a Rodobens. Para a AGCO Finance, o aumento da procura pelo consórcio também acompanha o movimento de migração dos clientes do investimento público para o crédito privado. Há três anos, 5% dos financiamentos efetivados pelo banco eram feitos por linhas próprias e 95% por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Desde 2020, a configuração se inverteu: até março deste ano, 33% dos financiamentos do AGCO Finance eram via BNDES e 67% eram por linhas privadas.
Um dos motivos para a inversão entre público e privado é a limitação dos recursos do governo para equipamentos cada vez mais tecnológicos. A disponibilidade de recursos públicos não diminuiu, mas o valor das máquinas aumentou, porque elas têm mais tecnologia embarcada. Outro motivo é o fato de que grandes produtores não conseguem acessar os recursos subsidiados, que têm parâmetros que limitam algumas linhas de financiamento ante à receita do agricultor. Esses produtores já não acessam recursos públicos e buscam recursos privados, então a AGCO começou a desenvolver linhas e produtos para atendê-los. Embora tenha avançado, o consórcio é uma forma de aquisição para os produtores que não precisam adquirir o bem imediatamente e optam pelo planejamento. O banco cooperativo Sicredi ressalta que o agricultor que adere a esse tipo de financiamento não espera ter acesso ao equipamento em 30 ou 40 dias.
A proposta é para um agricultor que pode protelar um pouco o investimento. Com o patamar atual de juros, o agricultor opta por fazer um desembolso menor e planeja a renovação da frota. Até mesmo por isso, há quem tenha observado mais cautela dos clientes para embarcar nos consórcios na Agrishow. Segundo a Massey Ferguson, a procura pelo consórcio foi maior em 2023 do que na edição o ano passado da feira, mas o fechamento de negócios está em patamar semelhante ao de 2022, porque o produtor ainda está na expectativa sobre uma definição para o próximo Plano Safra e para as taxas de juros. A Massey Ferguson, marca de equipamentos e máquinas agrícolas do grupo AGCO, tem um consórcio próprio, desde 1981, para todas as linhas de produto, de tratores a implementos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.