05/Mai/2023
A indústria de silos e armazéns poderia rapidamente elevar sua capacidade produtiva se houvesse demanda efetiva do setor agropecuário, segundo o diretor comercial da Kepler Weber, Bernardo Nogueira. A capacidade produtiva anual de todo o setor, hoje, gira em torno de 5,3 milhões de toneladas (ou seja, silos suficientes para armazenar este volume). No ano passado, a indústria de armazenagem trabalhou com 80,6% dessa capacidade, produzindo estruturas capazes de estocar 4,272 milhões de toneladas, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
A Kepler é líder do mercado de armazenagem, com aproximadamente 40% das vendas. "O setor está preparado para crescer. Com poucos investimentos conseguiríamos elevar nossa capacidade", disse Nogueira, durante coletiva com jornalistas para tratar do déficit de armazenagem no País e de seu reflexo em prêmios negativos pagos atualmente pela soja e pelo milho. O déficit deve chegar a 124,4 milhões de toneladas em 2023, considerando a capacidade estática atual do País para estocar 189 milhões de toneladas e uma produção de grãos estimada em 313 milhões de toneladas.
Em 2022, o déficit foi de aproximadamente 86 milhões de toneladas, ou 38 milhões de toneladas a menos, ante uma produção de cerca de 272 milhões de toneladas, segundo dados apresentados pelo consultor Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio. Cogo pondera que, ainda que a indústria dobrasse sua produção anual e produzisse silos e armazéns que somassem capacidade de armazenamento da ordem de 11 milhões de toneladas, ainda assim seriam necessários quase 12 anos para acabar com o déficit atual.
O consultor lembrou que a Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Abimaq informou ao governo federal, em proposta para o Plano Safra 2023/2024, que seriam necessários em torno de R$ 15 bilhões para o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) para iniciar o processo de recuperação da capacidade de estocagem de grãos no Brasil. Mesmo que o setor continue dependente do PCA e suas taxas de juros subsidiadas para impulsionar investimentos dos produtores em silos e armazéns, Cogo disse que é "muito bem-vinda" a linha em dólar para financiar investimentos do agro, com taxa de 7,5% a 8% ao ano, lançada pelo BNDES há cerca de um mês.
A linha pode financiar máquinas agrícolas, silos e outros investimentos de longo prazo. "Os US$ 750 milhões ou R$ 2 bilhões dessa linha duraram um dia, então é uma linha com um grande apetite (dos produtores) e sem nenhum subsídio (do governo). Uma taxa de 7,5% ao ano é muito convidativa", disse Cogo. "É uma linha muito promissora", reforçou. Sobre o dinheiro a ser anunciado pelo governo para o Plano Safra, o consultor disse acreditar que os recursos não durarão mais de três meses, independentemente do tamanho da oferta. "A necessidade de investimento é muito grande." Fonte: Broadcast Agro.