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05/Mai/2023

Energia: Petrobras planeja se tornar mais “verde”

A Petrobras aproveitou a Offshore Technology Conference (OTC), maior feira da indústria, com cerca de 30 mil inscritos, para esmiuçar os seus planos de se tornar mais 'verde', mas reforçou que não será em detrimento do coração do seu negócio, que é a exploração de petróleo e gás. Com o posicionamento, a petrolífera atraiu a atenção global, e agradou, sem ter de entrar no mérito de outras questões mais áridas e que preocupam investidores em relação à nova gestão, como riscos de ingerência política e alterações em sua política de preços. O importante desfalque do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, frustrou espectadores do setor, mas ajudou a evitar temas polêmicos. Com a sua ausência, os holofotes se voltaram à nova diretoria de transição energética e sustentabilidade que a estatal criou no âmbito da reorganização feita pela gestão eleita no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que entrou em vigor no mesmo dia em que a capital do petróleo no Texas, Houston, era tomado por agentes do setor do mundo inteiro.

A Petrobras é uma empresa de petróleo e ela vai se transformar em uma empresa de energia, mas o petróleo continuará sendo o centro da sua geração de caixa e receitas, disse o diretor de transição energética e sustentabilidade da companhia. A principal preocupação levantada por investidores na OTC foi se o investimento na transição energética será em detrimento do setor de óleo e gás. Não será. O petróleo continua sendo a prioridade da empresa. O que se quer é diversificar as atividades, investindo também na transição energética. Tornar a Petrobras mais verde é essencial para o futuro da empresa, considerando que empresas poluidoras têm mais restrição para acessar capital no mercado. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), houve muita demanda sobre o Brasil na OTC, de diversos agentes, e o principal questionamento é quanto à troca do governo no País. A questão do desinvestimento é uma estratégica que eventualmente pode ser modificada pela Petrobras e o mercado sabe disso.

Além disso, risco político está fora do escopo da ANP. A Petrobras é um agente obviamente muito importante, mas regulado como tantos outros. O que acontece dentro da empresa, uma vez observada a regulação, é uma questão interna da empresa. Do Brasil, a participação foi recorde e a maior da feira. Um grupo de 55 empresas e uma delegação de cerca de mil pessoas compareceu ao evento, cuja estimativa de negócios é da ordem de US$ 300 milhões, conforme a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Tamanho público fez do Pavilhão do Brasil o mais movimentado ao longo dos quatro dias da feira, em Houston. O time brasileiro superou, inclusive, o de chineses que, no passado, dominavam o evento e começaram a voltar na edição deste ano, após a reclusão por conta da pandemia. Dentre os temas mais abordados durante a OTC, o polêmico debate em torno da licença ambiental para a Petrobrás começar a fazer testes na Margem Equatorial, região que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e é considerada o 'novo pré-sal' do Brasil.

O desfecho é aguardado com ansiedade por toda a indústria do petróleo e gás diante da expectativa de potencial da área, considerando o sucesso de países vizinhos, como a Guiana, onde mais de dez bilhões de barris de petróleo já foram descobertos. Na agenda verde, destaque para a eólica offshore (no mar), que ainda carece de um marco regulatório para decolar no Brasil. É fundamental que o Congresso aprove rapidamente essa lei. A TotalEnergies projetou o primeiro leilão de energia eólica offshore no segundo semestre de 2024. Como pano de fundo para a transição energética, foi destacada a necessidade de se descobrir novas fronteiras energéticas no País, aproveitando o potencial do setor de óleo e gás. A ANP admite que é necessário substituir os poços por fontes de energias renováveis, mas não adianta interromper a produção de petróleo. Isso não é possível enquanto não houver renováveis para substituir, sob o risco de se ter pobreza energética e não transição energética.

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) reforçou o coro. O Brasil tem uma vantagem competitiva, que são as grandes reservas de petróleo, como o pré-sal e a Bacia de Campos, mas é necessário se preocupar com o futuro. Apesar de o futuro ser de descarbonização, o petróleo e o gás ainda vão ter uma presença muito importante. O mundo até 2050 vai aumentar o seu consumo de energia em 50%. Esse aumento vai demandar novas energias renováveis e uma energia tradicional, mas mais descarbonizada. O petróleo do Brasil já é mais limpo. As emissões do setor de energia representam menos da metade da média mundial no Brasil. O País está entre um dos com maior participação de energias renováveis na matriz energética do mundo, atrás somente de nomes como Islândia, Noruega, Suécia, com tamanho e realidades totalmente diferentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.