04/Mai/2023
Muitas coisas foram inéditas nesta edição da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), mas uma coisa não mudou. Assim como em algumas edições anteriores, a principal feira de tecnologia agrícola da América Latina começa sem algumas linhas de crédito subsidiadas do Plano Safra, entre elas, o Moderfrota, usado na compra de máquinas agrícolas; e o Pronaf, de fortalecimento da agricultura familiar. Isso preocupa o setor. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), seria necessário, pelo menos, R$ 5 bilhões para suplementação orçamentária, ainda para o calendário-safra prestes a ser encerrado. No entanto, o pedido ainda não foi atendido. Seria melhor fazer a Agrishow com o Moderfrota, com a taxa de juro fixada em 12,5%. Mas, isso não aconteceu. Se o produtor for ao mercado, vai encontrar juros entre 16% e 18%. Na faixa do Pronaf, em que o juro é de 5,5%, a diferença é maior ainda. Havia uma expectativa que de que a suplementação sairia.
Seria melhor para o agricultor, para os fabricantes e para o governo, que arrecadaria mais. Com as linhas do Moderfrota, seria muito bom. Sem as linhas, será pior. Mas, ainda não dá para estimar o quanto pior será. De toda forma, a expectativa é positiva, mas depende de muitas variáveis e o crédito é uma delas. O caso envolvendo a Agrishow e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não deve afetar o resultado final da feira. Para o próximo Plano Safra, a Abimaq solicitou R$ 34 bilhões para o Moderfrota e R$ 11 bilhões para o Pronaf. O setor precisa de um volume razoável, que dure todo o Plano Safra, além de juros fixos. Por isso, a entidade pleiteia um volume robusto. O vice-presidente para a América do Sul da Case IH, Christian Gonzalez, reafirmou a importância do subsídio. O Brasil é um país dependente de crédito governamental e isso é fundamental. Não se pode minimizar essa importância. O setor de máquinas precisa deste crédito.
É claro que está buscando soluções de crédito do mercado, mas é uma opção cara. O ideal é o crédito governamental. Na falta de crédito subsidiado, ganham espaço os bancos comerciais, as fábricas e as cooperativas de crédito. Na Agrishow, o Banco Santander está oferecendo uma linha de taxa pós-fixada, com uma juros em 11,25% para operações fechadas em até 92 meses. A instituição financeira salienta que R$ 400 milhões foram negociados apenas no primeiro dia e a expectativa é chegar em R$ 2 bilhões. Na edição do ano passado, foram R$ 1,4 bilhão, superando em 40% a expectativa inicial. A projeção é de uma queda, ainda que pequena, na taxa de juros a partir do segundo semestre, o que tornaria mais vantajosa a modalidade ao produtor. Segundo a Yanmar, sem o crédito disponível, a opção tem sido utilizar as linhas oferecidas pelos bancos de fábrica. Desta forma é possível vender bem, mesmo com o produtor na expectativa pelo novo Plano Safra.
É o caso do Banco CNH. Com o fim dos recursos subsidiados, a aposta é no CDC, em que o recurso é captado no mercado financeiro e emprestado aos produtores usando o bem como garantia. Embora seja uma operação cara e complexa, ainda é muito mais vantajosa que juros livres. É uma solução que será cada vez mais popularizada com o mercado de títulos do agronegócio, especialmente na agricultura empresarial. As linhas subsidiadas são importantes e serão cada vez mais direcionadas para pequenos e médios produtores. A nova linha do BNDES para agroexportadores atrelada ao dólar também é uma solução interessante e que deve crescer. Na falta de recursos, outra opção é o consórcio. Com taxas em torno de 6%, o produto costuma ter um salto quando o subsídio acaba. O produtor não sai da concessionária com o produto na hora, pode ser que leve anos até ele ser contemplado, mas para quem pensa no longo prazo e quer planejar a compra é uma excelente solução e que costuma ter mais busca quando o crédito está escasso, afirma a Sicoob Credicitrus. Fonte: Canal Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.