02/Mai/2023
O Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert) prevê que será necessário investimento de R$ 120 bilhões em capacidade produtiva para a concretização das metas estabelecidas no Plano Nacional dos Fertilizantes (PNF) de aumento da produção nacional e redução da dependência externa. R$ 120 bilhões de investimento somente em capacidade produtiva, sem contar investimento em gasodutos, portos, ferrovias e outros projetos para viabilizar. O plano, apresentado pelo governo federal no ano passado, tem como meta reduzir a dependência externa de fertilizantes do Brasil para 50% em 30 anos. Hoje, o País importa cerca de 85% do volume consumido anualmente. Nos últimos dez anos, a indústria de fertilizantes investiu R$ 20 bilhões para ampliação da capacidade produtiva no País.
No curto prazo, há investimento previsto pelas associadas do Sinprifert de R$ 21 bilhões em quatro anos. Se aplicados os objetivos do PNF até 2050, o Brasil tem condições de produzir quase 25 milhões de toneladas de adubos do complexo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) se as ações do plano fossem implementadas. O Brasil poderia sair de uma posição absolutamente incômoda. É o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e o maior importador. Nenhum outro grande país agrícola tem tamanha dependência externa de fertilizantes, beirando os 90%. Os Estados Unidos, concorrente agrícola do Brasil, têm 12% de dependência externa em nitrogenados, por exemplo, ante 95% do Brasil. Até então, as políticas adotadas no País privilegiavam a importação dos fertilizantes. No ano passado, o Brasil produziu em torno de 7,5 milhões de toneladas de adubos do complexo NPK, com capacidade nacional instalada para produção de cerca de 13 milhões de toneladas.
O País tem situação bastante sui generis: dá isenção de diversos impostos para importação de NPK, enquanto produtor nacional é tributado em diversas outras esferas, seja com ICMS, seja com PIS/Cofins. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) afirmou que para a safra recorde de grãos 2022/2023, estimada em 309 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), será necessária a utilização de 44 milhões de toneladas. Com 85% de dependência externa, o Brasil está vulnerável ao cenário geopolítico. De certa forma, o cenário de crise da Rússia ficou para trás, mas há outras vulnerabilidades por esse desequilíbrio. É preciso buscar autossuficiência. Não é possível ter dependência externa e vulnerabilidade tão grandes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.