27/Abr/2023
O produtor brasileiro está cauteloso para sair às compras de fertilizantes, mesmo diante de preços muito menores se comparados aos dessa mesma época em 2022, quando o início da guerra na Ucrânia inflacionou o setor. Contudo, maio e junho serão meses determinantes para garantir as compras de insumos para a próxima safra de verão (1ª safra 2023/2024) no País, cultivada a partir de setembro. O aumento de demanda esperado para os próximos meses deverá impactar as cotações, mas agentes do segmento não acreditam em fortes oscilações de preços como em anos recentes. O mercado mundial de fertilizantes está entrando em um novo ponto de equilíbrio de preços e oferta com novos fornecedores entrando na jogada. Por ora, em Mato Grosso, o maior produtor brasileiro de grãos, os produtores garantiram até março 47% dos insumos necessários para a próxima safra de soja. O volume é 19% inferior ao da mesma época do ano passado.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), há dois fatores para isso. No ano passado, o movimento foi mais acelerado em função do receio de falta de produto devido à guerra, e o produtor está mais cauteloso em 2023 para travar compras de fertilizantes e defensivos porque o preço da soja caiu um pouco nos últimos meses. O produtor tem tempo ainda para receber produtos, sem que comprometa o fluxo de preparação de plantio na propriedade, até meados de julho e início de agosto. Mas, para isso, ele vai começar a travar as compras com mais velocidade a partir de agora para não ficar à mercê da logística lá na frente. A ureia (nitrogenado), um dos nutrientes mais usados pelo agricultor, foi a única a subir em abril. Outros dois produtos importantes para as lavouras, MAP (fosfatado) e potássio, seguem em queda desde o ano passado.
A ureia reagiu porque o produtor dos Estados Unidos saiu às compras com atraso. O produtor acaba sempre esperando que a cotação ceda um pouco mais. Ademais, o fator clima também atrasou um pouco as compras norte-americanas neste ano. A ureia foi cotada na semana passada a cerca de US$ 330,00 por tonelada (preço no porto no Brasil). Em um ano, a queda é de 61%. No acumulado de 2023, a ureia recuou 32%. Apenas no acumulado de abril até a semana passada, a ureia reagiu pouco mais de 7%. Para MAP e ureia é possível que a demanda local ganhe ritmo a partir de maio. Para saber o impacto disso nos preços em preços, será preciso aguardar. É natural que, com o aumento da demanda, o preço suba. Mas, o produtor agrícola não parece muito interessado em aderir a aumentos fortes. O agricultor brasileiro, cada vez mais cauteloso em sua tomada de decisão de compra, pois sabe que há estoques locais.
Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), que reúne as indústrias que atuam no País, o setor chegou ao fim de 2022 com estoque de 7,6 milhões de toneladas, alta de 12,5% em um ano. Os fundamentos do grupo NPK (nitrogenado, fosfatado e potássio) não justificam fortes altas, e há projetos que começaram a operar. A Índia, importante compradora de adubo, começa a maturar novas plantas produtoras de ureia. O país ampliou a capacidade em 6,5 milhões de toneladas, o que garantiria seu consumo. Ainda há novas unidades na Nigéria. Belarus, um dos grandes fornecedores globais de potássio (e travado por sanções), deve aumentar em 2 milhões de toneladas o fornecimento global em 2023, para 6 milhões de toneladas. É a metade do que usualmente entrega ao mundo. Ainda em curto prazo, contudo, incertezas sobre a Rússia continuam, já que a guerra não teve fim. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.