25/Abr/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode enfrentar uma segunda CPI no Congresso que contraria seus interesses. Depois de mudar de posição e passar a defender a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro, o governo terá de lidar agora com a pressão da bancada ruralista para a abertura da CPI do Movimento dos Sem Terra (MST). Com articulação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que protesta contra a onda de invasões de propriedades rurais deflagrada no chamado “Abril Vermelho”, a instauração do colegiado tem o apoio de deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os ruralistas acumulam atritos com a gestão petista nestes primeiros três meses. Autor do requerimento de criação da CPI já protocolado, o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) justifica que há propriedades rurais produtivas sendo invadidas, além de um crescimento desordenado dessas ações. Não cabe ao MST definir se a propriedade é produtiva ou não. A pauta de reforma agrária é política, financeira e ideológica. O pedido já atingiu o número mínimo necessário de assinaturas, com 171 adesões. Na semana passada, o autor do requerimento e a FPA reuniram-se com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para garantir a leitura do pedido. O procedimento dá início à instalação da comissão.
Segundo parlamentares que participaram do encontro, a CPI tem parecer jurídico favorável e deve ser lida nos próximos dias. A expectativa é de que a CPI seja instalada nesta semana. O objetivo é investigar a escalada de invasões do MST em fazendas, apurar se parlamentares e empresários estão patrocinando as ações e analisar as nomeações de líderes dos sem-terra no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um dos atores a serem escutados na CPI é o próprio governo. Na semana passada, o governo Lula cedeu à pressão do MST e nomeou sete novos superintendentes regionais do Incra. A ida do líder do MST, João Pedro Stédile, à China com Lula agravou as divergências com os bolsonaristas e com a FPA.
Stédile será um dos primeiros chamados a depor. Só em abril deste ano, o MST afirma ter invadido 13 fazendas. No início deste mês, houve escalada das ações no campo. Durante os primeiros três meses do governo Lula, as invasões já haviam superado o total das ações registradas em todo o primeiro ano da gestão Bolsonaro. Foram 16 invasões e, em 2019, 11, segundo dados do Incra. Para a FPA, há um projeto orquestrado de gente que está financiando as invasões. A CPI vai identificar os financiadores e responsabilizá-los. O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), propôs diálogo a Lira. Foi sugerido um encontro de ambos os lados, MST e FPA, para um combinado de vida mais harmônica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.