19/Abr/2023
A Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) afirmou ser “um bom começo" o montante de R$ 2 bilhões previsto para ser liberado por ano pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de uma nova linha de crédito para investimentos do agronegócio em dólar. A nova linha deve ter taxas fixas de 7,5% e 8% ao ano, conforme o prazo de amortização da dívida. É um valor razoável. Se tiver demanda, o BNDES vai disponibilizar mais recursos, pois dinheiro no mundo não falta. A taxa de juros alta no Brasil atrai capital e, com a maior entrada de dólar, o câmbio se valoriza (o dólar cai ante o Real). Os produtores, se acreditarem que o dólar vai cair, tendem a achar essa linha mais atrativa, considerando que, no caso de ser possível amortização da dívida em Real, haveria uma redução do montante a ser pago em um cenário de queda do dólar.
Mesmo que haja uma apreciação do dólar ante o Real, a contratação do crédito em dólar ainda seria atrativa para grandes produtores rurais, porque eles poderão ganhar mais em Real na venda de commodities agrícolas. Além disso, estes produtores contam com estrutura financeira para fazer diferentes operações de hedge, como hedge de dólar e dos produtos agrícolas. Essa nova linha amplia as opções de financiamento e permite aos produtores analisar investimentos. A Abimaq já havia solicitado ao Banco do Brasil, no ano passado, a criação de uma linha em dólar para financiar aquisição de maquinário por produtores, tendo como fonte recursos do Novo Banco de Desenvolvimento, (NDB), conhecido como Banco do Brics. Mas, com a troca de comando no governo federal e, posteriormente, no banco estatal, as conversas perderam força. O mercado já vinha querendo algo do tipo e alguns bancos comerciais e de fábrica ofereciam essa opção, mas de forma mais restrita.
A previsão é de boa demanda para a linha e os recursos devem acabar em menos de um ano, tendo em vista que as empresas associadas da CSMIA faturaram mais de R$ 90 bilhões no ano passado. Mas, a linha terá como concorrente outras já existentes, como a do próprio Moderfrota (principal programa de financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas) e a de investimentos do Pronaf (programa focado na agricultura familiar). O pequeno agricultor vai para o Pronaf, que tem taxa ainda menor, e o médio produtor vai para o Moderfrota. Essa linha em dólar vai para os grandes produtores, que fazem muita operação em dólar. A demanda vai depender do câmbio. A Abimaq chamou a atenção para o comentário feito no evento de lançamento da linha em dólar pelo Ministério da Agricultura, de que a Pasta está em fase final de negociação para liberar R$ 30 bilhões adicionais para o Plano Safra 2022/2023. A expectativa é de que R$ 5 bilhões desse montante vão para o Moderfrota. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.