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31/Mar/2023

Insumos: AgroGalaxy e as perspectivas para 2023

Após aumento de 76,2% de sua receita líquida em 2022, para R$ 11,592 bilhões, a varejista de insumos agrícolas AgroGalaxy trabalha com perspectiva de receita próxima da estabilidade neste ano. O resultado deve refletir a queda dos preços de fertilizantes e defensivos esperada para 2023, combinada com aumento dos volumes vendidos. O aumento das vendas deve ser impulsionado tanto por compras maiores de fertilizantes pelos produtores, depois de terem reduzido as aplicações no ano passado, como pelo aumento da demanda dos produtores em lojas abertas recentemente pela companhia. Os preços dos fertilizantes tiveram queda de quase 50% em relação ao pico de preços e agora tendem à estabilidade. No ano passado, os preços subiram muito e o produtor aplicou menos por hectare. Neste ano, o cenário se inverteu, os preços estão caindo, mas o volume vendido e aplicado vai voltar a crescer. Além disso, a empresa terá a maturação das lojas que abrimos em 2021, 2022.

Assim, haverá crescimento de volume vendido. A empresa usará menos capital de giro, vai gerar margem, reduzir a dívida, ter uma despesa financeira menor, e aí o lucro líquido deve ser maior, com aumento de margem também. A empresa considera a possibilidade de um cenário desafiador para o agronegócio em 2023, em virtude do atraso na colheita e comercialização de soja, em comparação aos quatro últimos ciclos, que poderá levar à redução de área potencial de plantio da 2ª safra de milho em aproximadamente 20%. A empresa possui altos estoques de fertilizantes, assim como de defensivos químicos, que devem levar à queda dos preços. O temor de que faltassem insumos, alimentado pelo conflito na Ucrânia e seus efeitos no mercado, levou a companhia a reforçar estoques no ano passado. Hoje, os estoques de produtos do segmento do herbicida glifosato, como Diquat e outros, são quase o dobro do que deveria ser. Estes estoques devem retornar à normalidade, porém mais para o segundo semestre.

No segmento (do glifosato), observa-se uma queda de preço acentuada, uma super oferta e uma redução das margens. As importações diminuíram bastante. Em 2023, a AgroGalaxy deve dar continuidade ao trabalho de abertura de lojas nas regiões das empresas adquiridas pela companhia. Está prevista a abertura de 15 a 20 lojas, das quais 4 já foram inauguradas e 9 já contam com equipes gerando demanda antes de a unidade funcionar. No primeiro semestre, a previsão é de que sejam abertas 7 lojas, e as demais ficarão para o segundo semestre. A empresa está com foco na BR-163, onde deve abrir 4 lojas, criando um cluster em torno de Sorriso, Lucas do Rio Verde, em Mato Gross. Também terá outras lojas novas em Rondônia. Com a expansão física, há expectativa de continuar ampliando a base de clientes, mas não na mesma velocidade do ano passado, quando esta base cresceu 20%. Não será na mesma velocidade porque a busca é apenas crescimento orgânico. Em 2022, houve crescimento também pelos M&As (aquisições de empresas).

Após anos sucessivos de aquisições de redes de varejo regionais desde 2016 e das últimas três compras, a partir de IPO de 2021, a AgroGalaxy não deve fazer novas compras em 2023. O plano para este ano é reduzir a dívida, pagando assim menos juros. Uma nova compra, possivelmente, envolveria tomar uma dívida a um custo alto, tendo em vista a Selic atual, em 13,75% ao ano. Não haverá outros M&As acontecendo neste ano. A empresa está com estrutura de capital adequada, mas para reduzir despesa financeira, é preciso reduzir a dívida. Vai ser um ano de gerar caixa operacional; com isso diminui a dívida e paga-se menos juros. Em 2022, houve consumo de caixa de R$ 144,1 milhões, ante geração de R$ 32,6 milhões em 2021, redução de R$ 176,7 milhões. A variação deve-se, principalmente, à variação dos ativos e passivos operacionais. Destaque para o capital do giro, em R$ 239,9 milhões, influenciado pelo aumento dos recebíveis, incremento da receita e aumento dos juros pagos, em R$ 145,8 milhões, fundamentalmente impactados pelo aumento da taxa Selic. A companhia tem expectativa de elevar a participação da categoria de especialidades (foliares e insumos biológicos) em 2023.

No último trimestre do ano passado, as chamadas especialidades geraram 8,9% da receita líquida total com insumos contabilizada pela empresa, mais do que os 8% de igual período de 2021. Em todo o ano, a categoria, que traz maiores margens de lucro do que outros insumos, como fertilizantes, contribuiu com 6,5% da receita líquida total com insumos, pouco abaixo dos 6,6% de 2021. A participação das especialidades (na receita líquida) dentro do mix de produtos, com preços que vão cair menos que os outros insumos, deve crescer de forma bastante interessante. Fertilizante é a categoria de produtos de menor margem. A empresa possui estoque de agroquímicos, mas quase zero estoque de fertilizantes. A tendência de queda dos preços de insumos, tanto fertilizantes com defensivos, e os estoques altos de defensivos, têm levado produtores a comprar “da mão para a boca”, tendência que deve persistir ao longo de 2023. Esse cenário já se refletiu na queda de 32% dos pedidos em 2022, em comparação a 2021, para R$ 1,358 bilhão. O produtor vê os preços de defensivos caindo e não quer comprar antecipado para 2023. Ele sabe que não vai faltar defensivo, porque as distribuidoras têm estoques. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.