15/Mar/2023
Pouco mais de um ano depois firmar parceria com a Microsoft para desenvolver ferramentas digitais para o agronegócio, a Bayer anunciou nesta terça-feira (14/03) os primeiros resultados do acordo: novas soluções para uso não somente dos agricultores, até então foco da estratégia digital da companhia, mas de toda a cadeia ao redor deles: indústria, varejistas, bancos, seguradoras, startups e outros agentes. Alguns dos serviços serão ofertados pela própria Bayer, os chamados "AgPowered Services", utilizando o sistema da Microsoft Azure Data Manager for Agriculture, que coleta e organiza, de forma simplificada, milhares de dados compilados de diferentes fontes. Informações de atividades de campo obtidas por máquina agrícolas, imagens de satélite, drones e outras fontes, serão processadas pelo Azure Data Manager, armazenadas em nuvem e convertidas em ferramentas mais facilmente utilizáveis por outras empresas para obter análises preditivas, por exemplo.
Como olhar para imagens de satélite e remover o efeito de ter nuvens em suas imagens? Como usar essas imagens para prever se há doenças ou outras coisas acontecendo com sua plantação, ou usar os dados para prever como a safra avançará e de que forma isso pode mudar dependendo de ter dias ensolarados ou frios? Estes são exemplos de recursos que estaremos oferecendo, os AgPowered Services que, combinados com o Azure Data Manageer, permitirão às empresas avançar em suas atividades mais efetivamente, explicou a Climate FieldView, plataforma de agricultura digital da Bayer. A oferta de soluções da nova plataforma, contudo, não se limitará aos serviços da Bayer. A expectativa é que os clientes sejam capazes de selecionar diferentes grupos de recursos, conforme suas necessidades, e que adicionalmente outras empresas contribuam com tecnologias e recursos para a plataforma. Não será apenas a Microsoft e sua base ou a Bayer; com o tempo serão outras empresas.
A Bayer acredita que a plataforma se tornará algo similar à Amazon, que tem recursos para fornecer, tem seus próprios produtos para venda, mas também tem um marketplace para outras empresas que busquem solucionar um problema por meio da joint venture formada pela plataforma. Com dados próprios e outros fornecidos por parceiros ao longo do tempo (com o consentimento de produtores, seguindo normas legais de cada país), a Bayer deve ampliar o escopo de suas soluções digitais, alcançando empresas de alimentos, bancos, montadoras, grandes e pequenas companhias, além de startups. Seu interesse não será só a operação agrícola em si como também sua rastreabilidade, em monitorar o retorno das lavouras, correlacionar com emissões de carbono e outras atividades. Haverá na plataforma uma gama de empresas, grandes, pequenas, startups, usando diferentes grupos de recursos. Quando um cliente entra na nova plataforma, ele encontrará muitas soluções para escolher e poderá fazer parte do sistema às vezes compartilhando dados, às vezes comprando soluções.
Um dos parceiros globais da Bayer e Microsoft na estreia da iniciativa será a CNH Industrial, de equipamentos agrícolas, que compartilhará seus dados com a plataforma tendo em vista, em um futuro próximo, oferecer a produtores sistemas de mais fácil uso. Outro parceiro será a Land O'Lakes, empresa norte-americana de alimentos com atuação em todo o país. A Climate FieldView afirma conhecer muitos bancos interessados em ter recursos digitais que ajudem a avaliar como as operações agrícolas de clientes estão avançando, para usar essas informações em determinados serviços financeiros. O Climate FieldView será parte do que a Bayer faz focada no produtor. Mas, a ideia é ter um impacto maior na agricultura, ajudar a indústria de alimentos a ser mais produtiva e sustentável, assim como outras empresas. Após ser lançada neste mês em forma de teste para a exploração de clientes, a companhia deve anunciar, em data a ser definida, o início da operação comercial.
Os detalhes sobre como monetizar a nova plataforma ainda estão sendo discutidos, mas a ideia é licenciar soluções, softwares ou aplicativos para as empresas clientes, assim como um usuário paga pelo pacote Office ou por um aplicativo qualquer. O número de clientes que poderão ser atraídos para a plataforma nesta nova etapa ainda é estimado, mas a perspectiva é que, inicialmente, a maior parte seja de grandes empresas com negócios relacionados ao agronegócio. O foco inicial tem sido os grandes players, mas as soluções serão úteis para empresas de médio e pequeno porte, como startups. A Climate FieldView, plataforma da Bayer focada no produtor rural e no monitoramento de lavouras, chega hoje a 23 países monitorando 220 milhões de acres (pouco mais de 89,030 milhões de hectares) em todo o mundo. No Brasil, até o começo de 2022, 22 milhões de hectares eram mapeados pela ferramenta.
Apesar da perspectiva de cobrança pelas soluções ofertadas na plataforma conjunta com a Microsoft, grande parte do retorno das iniciativas digitais da Bayer vem da melhor avaliação que produtores e clientes passam a ter de seus produtos (agroquímicos e sementes) com o uso de soluções digitais e suas recomendações. Hoje, as pessoas que já estão na plataforma Climate FieldView avaliam os produtos físicos melhor e dão pontuações mais altas; com eles, há menos desgaste e eles compram mais produtos da Bayer. O que as equipes comerciais acreditam agora é em alavancar um maior engajamento e lealdade para gerar ainda mais valor para a empresa daqui para frente. A Bayer escolheu estrategicamente gerar mais valor do uso do Climate FieldView por meio das vendas de produtos físicos e outros benefícios indiretos, em vez de necessariamente tentar gerar receita de assinaturas, mas é muito claro que o uso da plataforma gera muito valor para os agricultores e eles estão dispostos a compartilhar esse valor com a empresa. O equilíbrio exato entre ganhos diretos e indiretos é algo que será otimizado ao longo do tempo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.