15/Mar/2023
O Ministério da Agricultura e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estudam a criação de um Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais (Finame) em dólar. A discussão está avançada, nas tratativas finais. Haverá um projeto piloto já pensando na safra 2023/2024. O BNDES já opera o fundo em Reais destinado ao financiamento de máquinas e equipamentos, repassando recursos a instituições financeiras credenciadas, para produção e aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação, e bens industrializados novos e de fabricação nacional. A ideia do Ministério da Agricultura com a linha é ampliar as possibilidades de financiamento aos produtores rurais com taxas de juros compatíveis às praticadas em Reais. Os juros devem ficar entre 7,5% e 8%.
Com o custo de variação cambial, os recursos chegariam ao produtor com juros de 13% ao ano (considerando as atuais projeções e cotações para dólar futuro), compatíveis com os 12,5% ao ano atuais do Moderfrota. São juros que ainda conseguem ser incorporados pelos produtores, apesar do risco de volatilidade cambial. Depois que o fundo estiver consolidado, a tendência é de que os juros caíam. O prazo previsto para o financiamento em dólar será de cinco anos, conforme os estudos em andamento. O crédito será lastreado em Cédula de Produto Rural (CPR) financeira em dólar. Em um segundo momento do projeto, de acordo com as fontes, o governo buscará equalizar parte das taxas de juros, o que depende de revisões de mecanismos regulatórios estudados pelo BNDES por envolver a divisa norte-americana. O público alvo do Finame em dólar são os produtores que cultivam commodities de exportação, aqueles com acima de 500 hectares ou que se enquadrem no perfil pelo menos do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
O governo avalia que este grupo já possui um hedge parcial em dólar, em virtude de o câmbio influenciar nos preços das commodities que produzem. Há o risco de mercado da flutuação do preço das commodities, mas tende a facilitar para o produtor ter dívida em dólar porque a sua receita já é em dólar. Especialistas em financiamentos agrícolas avaliam que o fundo terá grande potencial de captação de recursos externos, pela força do BNDES no exterior e porque o funding externo tem menor custo que o nacional. Há liquidez internacional e o BNDES, por ser uma marca forte e pela sua musculatura, tem potencial de acessar volume robusto de recursos no exterior e trazer para o produtor. Além disso, o investidor internacional quer acessar o Brasil e busca alternativas de operação em dólar. Do outro lado, o agricultor que já possui o fluxo de caixa de commodities atrelado à moeda americana. Tudo isso diminui o custo do capital. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.