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27/Fev/2023

Fertilizantes: preços devem recuar na safra 2023/2024

Há um ano, com o início da guerra na Ucrânia, a cadeia brasileira de suprimentos agrícolas vivia um cenário nebuloso. Mesmo executivos que ocupam altos postos na indústria de fertilizantes no Brasil mantiveram-se cautelosos para efetuar projeções. Era a primeira vez, em décadas, que o risco de desabastecimento do insumo despontava no cenário. Na época, a Mosaic Fertilizantes afirmou que nunca tinha visto um risco real de fornecimento de adubos. O receio de falta de matérias-primas para fertilizantes devido à guerra trouxe rápido efeito a preços no mercado internacional, e o Brasil importa 85% do que consome. Isso contribuiu para reduzir o consumo de adubos no país em cerca de 10% no ano passado e comprimiu a margem do produtor agrícola na safra 2022/2023. As cotações de nitrogenados, potássicos e fosfatados, o trio NPK, alcançaram um pico em março e abril de 2022, logo após o início da guerra, e ultrapassaram US$ 1.000,00 por tonelada.

Desde então, os preços recuaram perto de 70%, dependendo do nutriente. Em 10 de fevereiro deste ano, a ureia (nitrogenado) era cotada a US$ 363,00 por tonelada. Potássio e MAP (fosfatado) foram avaliados entre US$ 500,00 e US$ 600,00 por tonelada (preços no porto no Brasil). O agro ainda não estudou o efeito direto da alta dos adubos para os preços de alimentos no Brasil. Mas é possível avaliar os impactos na base da cadeia a partir do encarecimento dos insumos. Os fertilizantes, por exemplo, pesaram mais no custo direto de produção. Se esse produto correspondia a cerca de 35% do custo operacional (gastos com adubos, defensivos, sementes, máquinas e mão de obra) passou a responder por até 50% dependendo da cultura na safra atual (2022/2023). Os efeitos da guerra contribuíram para que este fosse o ciclo produtivo “mais caro da história”. Em soja, o carro-chefe do agro brasileiro, as margens encolheram perto de 30% na temporada 2022/2023 em comparação à anterior, indica um levantamento do Itaú BBA.

Para o ciclo que vem, contudo, o horizonte é melhor. A principal razão para esperar uma safra 2023/2024 com mais ganhos é a redução de preços dos adubos. A guerra trouxe tensão ao segmento por envolver dois grandes fornecedores globais desses produtos: Rússia e Belarus. Juntos, os dois respondem por cerca de 40% do comércio global de potássio. A Rússia fornece os três grupos de nutrientes (NPK). Além do conflito, as sanções econômicas impostas em 2021 pelos Estados Unidos e União Europeia a Belarus começaram a se fazer notar em janeiro de 2022, pouco antes do início da guerra. As exportações do país começaram a travar agregando nervosismo aos agentes da cadeia. Mas, apesar do quadro que inflacionou quase que imediatamente os preços dos fertilizantes, os produtores agrícolas não ficaram sem insumos no Brasil.

Mesmo com o conflito, os navios russos continuaram chegando. A Rússia, que foi um dos principais fornecedores de adubos para o Brasil em 2022 com Canadá e China, exportou 8 milhões de toneladas de NPK para o País no ano passado, com recuo de 13% em relação a 2021. Ao todo, o Brasil importou cerca de 10% menos em 2022, somadas as 38 milhões de toneladas, indicam dados do Sindicato da Indústria de Adubos em São Paulo (Siacesp). A redução de importações e das vendas internas ocorreu como consequência da explosão dos preços. Aproveitando os “bancos” de nutrientes armazenados no solo, o agricultor reduziu as compras. As vendas no País entre janeiro e novembro do ano passado, dado mais recente, totalizaram 37,7 milhões de toneladas, com recuo de 11% em relação a 2021. No setor, as projeções são de recuperação de entregas este ano. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.