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23/Fev/2023

Máquinas Agrícolas: pleito para Plano Safra 2023/2024

A indústria de máquinas agrícolas já prepara suas propostas para o Plano Safra 2023/2024. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apresentará ao governo uma sugestão de cerca de R$ 45 bilhões para financiamento de máquinas no agro agrícola 2023/2024. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê uma proposta em linha com a da Abimaq e antecipa preocupação com a taxa de juros adotada na próxima safra. O governo, por sua vez, sinaliza a intenção de reforçar o Moderfrota, mas em valores ainda não detalhados. A Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq deve levar ao Ministério da Agricultura uma proposta para o Plano Safra 2023/2024 semelhante à apresentada à equipe de transição após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: crédito com taxas equalizadas próximo de 60% do que é movimentado anualmente pelas empresas do setor.

O pedido inclui, especificamente, R$ 34 bilhões a serem distribuídos por meio do Moderfrota, principal programa de financiamento de longo prazo para maquinário, e R$ 11 bilhões para linhas de investimento do Pronaf, programa focado em agricultores familiares. Esse montante seria o melhor dos mundos, para o setor e a agricultura em geral, pois cobriria boa parte das vendas, segundo o presidente da CSMIA, Pedro Estevão Bastos, lembrando que as vendas são viabilizadas ainda por outras vias de crédito e por pagamentos à vista por produtores. Para a safra 2022/2023, o Ministério da Agricultura, então comandado pela ex-ministra Tereza Cristina, agora senadora do PP por Mato Grosso do Sul, anunciou R$ 10,16 bilhões. Em 2022, a CSMIA contabilizou vendas de R$ 91 bilhões em máquinas e implementos agrícolas, 1,7% acima da receita obtida em 2021. Para este ano, a Câmara ainda não definiu sua estimativa de mercado, mas já trabalha com alguma perda no cenário, tendo em vista a escassez de recursos de linhas oficiais e as taxas de juros de mercado, consideradas altas por produtores.

Se as empresas da Câmara voltassem a faturar o mesmo do ano passado, os R$ 45 bilhões em crédito a serem solicitados ao governo representariam aproximadamente metade de toda a receita do segmento. O Ministério da Agricultura despachou ofício à entidade, solicitando que seja enviada até dia 21 de fevereiro proposta para o próximo Plano Safra. Além disso, a CSMIA aguarda que seja realizada uma reunião conjunta, ainda sem data prevista, com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e com o de Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira - foi Teixeira quem, em conversa há duas semanas com executivos da Câmara, acertou que será feito o encontro com Fávaro. Em seu pedido, a Abimaq não deve sugerir taxas de juros para as linhas de financiamento de maquinário, ainda que as taxas de mercado, ao redor de 16% ao ano, sejam consideradas altas por agricultores. A Abimaq defende que é melhor ter mais recursos, ainda que com uma taxa um pouco maior. Mas é preciso considerar que para os próximos três anos, a tendência é a Selic cair, então precisa fazer a conta dos juros em cima de algo um pouco menor, segundo a entidade.

A Abimaq considera que provavelmente o próximo Plano Safra 2023/2024 trará mais recursos com taxas subsidiadas para pequenos agricultores, dado o direcionamento do atual governo. O governo não criaria o MDA para depois não ter recurso para a agricultura familiar. A entidade também chamou a atenção para o fato de, atualmente, médios produtores não poderem utilizar linhas do Pronamp (programa governamental focado em agricultores de médio porte) para financiar máquinas agrícolas, diferentemente da regra adotada em governos do PT. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) pretende trabalhar três pilares junto ao governo para o próximo Plano Safra: taxas de juros fixas, prazo de financiamento (de cinco a dez anos) e carência (de 14 meses). Segundo a entidade, o tema já está na pauta do setor com o Ministério da Agricultura, em paralelo à articulação de recursos suplementares para o ano-safra 2022/2023. O setor precisa ter um Plano Safra que dure todo o ano agrícola. Recursos, juros fixos, prazo de financiamento e carência são questões que andam juntas.

O valor requerido está sendo estudado pela entidade, junto com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mas deve ficar em linha com o proposto pela Abimaq. A ideia é o setor produtivo levar uma proposta única, segundo a Anfavea. Quanto aos juros, a Anfavea também mantém a expectativa de que possa haver redução nas taxas adotadas no próximo Plano Safra. A taxa de juros aplicada hoje é alta, mas além de juros mais baixos, a garantia de recursos para todo o Plano Safra é importante tanto quanto as taxas e o volume de aporte. É importante termos juros atrativos e certeza de previsibilidade de recursos do início ao fim do ano-safra, segundo a Anfavea. Os juros que serão praticados no próximo ciclo preocupam também os bancos de fábrica. Segundo o Diretor Comercial e de Marketing do Banco CNH Industrial, Marcio Contreras, o setor espera juros abaixo do patamar atual de 12,5% ao ano. Há expectativa de uma taxa menor de 12,5% no próximo Moderfrota, mais atrativas ao investimento. Se a taxa subsidiada fosse abaixo de dois dígitos, certamente impulsionaria a demanda do mercado.

O governo está vendo a necessidade com o esgotamento de recursos e entende que produtores, especialmente pequenos e médios, necessitam desses recursos, segundo ele, que entende que tende a haver uma taxa de juros abaixo de 12,5% para máquinas no próximo Plano Safra, o que deve movimentar mais o mercado. Ele observa que o patamar atual de juros não estimula a renovação completa de frota. Se não fossem os juros, o mercado estaria mais aquecido. A taxa atual não atrai o produtor que realmente não está precisando de máquinas, porque ele acha uma taxa alta para investimento de cinco, seis a sete anos. Para 2023/2024, com colheita recorde na atual temporada, perspectiva de menor custo de produção e uma taxa de juros menor para Moderfrota, teremos um ano excelente de demanda, segundo Contreras. O banco CNH é o maior repassador de recursos do Moderfrota atualmente. Há reivindicação também por parte do setor de que haja principalmente previsibilidade na estruturação do novo Plano Safra. Para a indústria de máquinas, saber até quando haverá recursos disponíveis para o produtor é mais importante que até mesmo o montante dos recursos ou quanto será a taxa de juros.

O que se precisa é saber as condições antecipadamente para preparar as linhas de produção, saber as regras do jogo e atuar de acordo com elas. Neste momento, por exemplo, já está se preparando a capacidade do parque fabril até o fim do ano, segundo a CNH. Na proposta a ser apresentada pela CSMIA, da Abimaq, também constarão demandas em frentes que não afetam diretamente as vendas, mas influenciam o mercado de máquinas agrícolas: tecnologia e necessidade de avanço da conectividade no campo, para viabilizar a adoção de novas soluções, e maior capacitação, em universidades, escolas técnicas e outros centros de estudo do setor, sobre como usar tecnologias digitais. A "agenda verde" também está no radar da Câmara da Abimaq. Ações relacionadas a sequestro de carbono, combustíveis, trarão oportunidades para a agricultura. Está muito em cima para fazer algo para a safra 2023/2024, mas para a seguinte teria de elaborar algo mais sedimentado, segundo a CSMIA. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.