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06/Fev/2023

Máquinas Agrícolas: 1º semestre será desafiador

A falta de crédito com juros equalizados para a compra de máquinas e equipamentos deverá limitar as vendas da indústria neste 1º semestre de 2023. E o desempenho em 2023 pode não repetir o de 2022, segundo avaliação do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSMIA/Abimaq), Pedro Estêvão Bastos. Em 2022, as vendas de máquinas e equipamentos agrícolas aumentaram 4% em comparação com 2021, atingindo R$ 91 bilhões. Um crescimento expressivo, levando em consideração que a base comparativa vem de patamares elevados. Com esse problema do crédito no 1º semestre, dificilmente se repetirá 2022, a não ser que haja alguma mudança no cenário. Ainda não há uma projeção fechada pela indústria para este ano. Por um lado, há um otimismo. O produtor está colhendo bem, a safra deve ser boa e com rentabilidade. Mas, por outro lado, há o problema das linhas de crédito. Não tem mais recurso. O gargalo está no Moderfrota, principal linha de crédito para a compra de máquinas e equipamentos para a agropecuária.

No Plano Safra 2022/2023, em vigor até junho, foram reservados R$ 10,16 bilhões para a linha de crédito, com taxa de juros de 12,5% ao ano. Com alta demanda dos produtores, os recursos acabaram. Quem precisou comprar máquinas passou a ficar dependente dos juros de mercado, aplicados pelos bancos, que estão, em média, em 16% ao ano. A maior parte compra máquinas com financiamento a juros pré-fixados. O produtor fica receoso, pois, nestas condições, carregaria por um longo prazo um financiamento com taxas menos competitivas em relação às linhas de crédito oficial. Na semana passada, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a liberação de R$ 2,9 bilhões em crédito relativo ao Plano Safra 2022/2023, sendo R$ 2,4 bilhões para médios e grandes produtores rurais. Para a indústria de máquinas, não resolve. Desses R$ 2,9 bilhões, R$ 1 bilhão é para o Moderfrota. E não resolve o problema. Quando chega o recurso, abre e fecha a linha de crédito no mesmo dia. A demanda está grande.

A preocupação da indústria é de a situação permanecer ao longo do primeiro semestre, até o governo anunciar o Plano Safra para o ciclo 2023/2024. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que uma das prioridades é fortalecer o Moderfrota, para estimular o investimento em máquinas e a geração de empregos. Sem resolver o problema de curto prazo, há risco de o produtor rural adiar as compras, esperando por condições possivelmente mais vantajosas que as atuais, o que traria efeito negativo sobre os resultados das próximas feiras agropecuárias e os cronogramas de produção dos fabricantes. O produtor poderá esperar e, aí, se travam os negócios. E se houver um represamento e todo mundo quiser comprar no segundo semestre, não tem fábrica para entregar. Os prazos de entrega de maquinários estão, em média, em 60 dias, o que é considerado dentro da normalidade. De qualquer forma, na visão da indústria, a atual falta de crédito para maquinário é um problema conjuntural. Do ponto de vista estrutural, os fundamentos são positivos e o produtor rural se mantém demandante de tecnologia para aumentar a eficiência e produtividade no campo.

O cenário ainda é otimista, estruturalmente. Estamos produzindo bem, o produtor está capitalizado, a colheita está boa e o mercado internacional está demandante dos nossos produtos agrícolas. O horizonte é de aumento de área e de investimentos. Nas feiras agropecuárias ao longo do ano, a indústria deve reforçar a tendência de oferecer ao mercado equipamentos cada vez mais “inteligentes”. Máquinas com conectividade, alta capacidade de processamento de dados e até mesmo de “tomar decisões” de forma autônoma. Como exemplo, pode se citar um trabalho de pulverização no campo. Se, depois de uma pausa, o pulverizador for recolocado em uma parte da área onde o defensivo já tiver sido aplicado, o equipamento faz essa leitura e interrompe a aplicação neste ponto, evitando uma sobreposição. A tendência é de máquinas cada vez mais conectadas e cada vez mais inteligentes, para aumento de produtividade, de eficiência e para uma agricultura de maior precisão. Fonte: G1. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.