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09/Jan/2023

Petróleo: preços globais deverão seguir elevados

Depois de um ano turbulento para os mercados de energia, especialmente com as incertezas geradas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, analistas projetam um 2023 focado na demanda. A reabertura da China com a flexibilização das medidas para conter a Covid-19 no país é aguardada, mas a possibilidade de uma recessão ao redor do mundo em meio ao aperto monetário dos bancos centrais para conter a inflação é vista como um risco no panorama. Neste cenário, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) devem seguir cautelosos com o volume da produção, enquanto investimentos no setor são retomados após anos sem grande impulso à exploração. Ainda assim, a conclusão majoritária é de que o mercado segue apertado, com os preços tendendo a subir ao longo de 2023. As cotações retornaram aos níveis de antes da guerra da Ucrânia. As preocupações com a demanda estão no comando. Se espera uma nova desaceleração no crescimento global no primeiro trimestre de 2023 e os preços podem cair ainda mais.

A principal diferença entre as novas previsões de preço do petróleo e as antigas é que se esperam preços mais baixos no início de 2023. Embora as antigas previsões estivessem amplamente alinhadas com a visão de consenso entre os economistas, agora são mais baixas. A nova previsão média para o petróleo Brent em 2023 é de US$ 80 por barril. A incerteza sobre o relaxamento da política de covid-zero na China permanecerá a principal questão para o mercado de commodities em 2023. Uma reabertura total poderia provocar um significativo impacto de alta nos preços. Outro fator que deve influenciar a demanda das commodities será a perspectiva fraca para a economia. A previsão do PIB mundial é de alta de apenas 1,4% em 2023 e de crescimento estável para o PIB dos EUA e da zona do euro. No entanto, os estoques permanecem apertados em petróleo, o que apoiará os mercados. Os estoques baixos de petróleo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o teto de preço sobre o gás russo e as tentativas da Opep de equilibrar oferta e demanda devem continuar influenciando a pressão sobre o mercado.

As políticas de oferta da Opep+ devem permanecer cautelosas, enquanto a capacidade ociosa no mercado de petróleo pode encolher devido à redução da oferta russa. A transição energética é uma consideração significativa de longo prazo - sua aceleração pode levar a uma queda na demanda e nos preços do petróleo, enquanto sua desaceleração, em combinação com o sub investimento, pode aumentar os preços. A produção de petróleo norte-americana aumentou neste ano, com um avanço no número de plataformas rotativas ativas. Isso ajudará a trazer oferta adicional para o mercado, mas o efeito sobre os preços globais do petróleo será modesto. Com as sanções russas, baixos estoques de petróleo, reabertura da China e uma Opep disposta a cortar a produção caso haja demanda, os preços da energia elevados. O Brent deve ter uma média de US$ 100 por barril ao longo de 2023. Os preços do petróleo voltarão a subir fortemente no primeiro semestre do próximo ano, uma vez que a situação no mercado de petróleo provavelmente se agravará consideravelmente.

O embargo da União Europeia ao petróleo russo é um fator decisivo. Segundo estimativas da Associação Internacional de Energia (AIE), o bloco ainda importou 1,1 milhão de barris de óleo bruto e 1,2 milhão de barris de derivados de petróleo por dia da Rússia em novembro. A Rússia dificilmente teve que cortar a produção até recentemente, já que a queda nas exportações de petróleo bruto para a UE de mais de 1 milhão de barris por dia foi compensada por maiores exportações para a China, Índia e Turquia. Em outras palavras, só agora é altamente provável que menos petróleo entre no mercado em termos líquidos. Até agora, não há sinal de qualquer compensação por essas perdas. Pelo contrário: a Opep+ reduziu formalmente a sua meta de produção em 2 milhões de barris por dia até ao final de 2023, embora se deva admitir que, segundo a AIE, o corte efetivo em novembro foi significativamente inferior em cerca de 500 mil barris por dia porque alguns países já haviam produzido abaixo de sua meta, indica. Fora da Opep+, a oferta adicional também está chegando ao mercado: a produção diária nos EUA deve aumentar em média cerca de 1 milhão de barris por dia.

Avanços significativos na produção também são esperados no Brasil e na Noruega. No entanto, de acordo com as estimativas da AIE, até o final de 2023 a produção de petróleo cairá cerca de 300 mil barris por dia em relação a agora. O Departamento de Energia (DoE) dos EUA em seu relatório mensal de dezembro tem uma previsão que deixa os estoques globais de petróleo mais altos no final de 2023 do que havia antecipado em novembro, o que resulta em uma expectativa do preço do barril Brent com média de US$ 92 em 2023, US$ 3 a menos do que havia previsto no mês passado. Já uma resposta melhor que a previsão à crise de energia na Europa e a surpreendente resistência econômica entre grandes economias da Ásia impulsionam a demanda por petróleo, afirmou a AIE em seu último relatório mensal, no qual revisou para cima sua projeção para a demanda global por petróleo. A entidade elevou suas projeções para o crescimento na demanda pelo óleo para 2022 em 140 mil barris por dia (bpd), a 2,3 milhões de barris por dia.

Para 2023, ela também elevou a expectativa para a alta na demanda, em 100 mil bpd, a 1,7 milhão de bpd. No caso improvável de os preços não se recuperarem, se esperam novos cortes de produção da Opep+. Isso ocorre porque o cartel, que recentemente tem sido forte na tomada de decisões, provavelmente considerará um nível de preço abaixo de US$ 80 muito baixo, pelo menos enquanto a economia global não chegar a uma paralisação sustentada. Assim, é provável que use seu poder de mercado para sustentar os preços. Além disso, o governo dos Estados Unidos anunciou sua intenção de repor as reservas estratégicas a um preço WTI em torno de US$ 70. Isso deve neutralizar uma nova queda no preço do WTI. O governo norte-americano já espera comprar de volta barris para as reservas especiais de petróleo (SPR). É uma compra oportunista para reabastecer parte das SPR. Os EUA estão aproveitando a recente queda nos preços do petróleo. Se os preços do petróleo caírem ainda mais, o que pode ocorrer por conta de uma possível recessão, não será surpreendente se os EUA continuarem a reabastecer as SPR. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.