11/Out/2022
O leque de alternativas de sementes de milho no País está menor neste segundo semestre, época em que os agricultores costumam comprar o insumo para plantar a 2ª safra do cereal. A oferta de variedades diminuiu em Mato Grosso, Goiás e Paraná, que concentram a produção da 2ª safra. Produtores e executivos da indústria reiteram, porém, que, apesar de algumas variedades terem se esgotado, não vai faltar semente para o cultivo. Talvez o produtor não encontre a semente exata que prefere, então ele terá de comprar outros materiais disponíveis. As variedades que costumam ser as preferidas dos agricultores reúnem características que as tornam mais produtivas. Uma dessas características é a resistência a pragas como a cigarrinha, que atacou campos produtivos neste ano.
No Brasil, as principais fornecedoras de sementes de milho são multinacionais como a norte-americana Corteva, a alemã Bayer e a Syngenta Seeds, controlada por capital chinês. Ao menos três cooperativas, entre elas Comigo, de Rio Verde (GO), e Coamo, de Campo Mourão (PR), que reúnem produtores em Mato Grosso, Goiás e Paraná, relataram diminuição da oferta neste segundo semestre. Segundo a Coopercotton, com sede em Rondonópolis (MT), houve problema com uma encomenda específica. Neste caso, a cooperativa tinha adquirido volume de sementes para cultivar 12 mil hectares, mas isso cairá pela metade. Contudo, 6 mil hectares que receberiam parte da encomenda equivalem a apenas 5% da área total cultivada pelos cooperados. Essa área receberá outras variedades de sementes.
O departamento de comercialização de sementes da Comigo (GO) informou que, segundo os fornecedores, a queda da oferta ocorreu por perda de produção nos campos causada pela cigarrinha, praga que afeta o desenvolvimento das plantas. Consequentemente, houve menos sementes na segunda temporada de produção, que ocorre em meados do ano. O clima desfavorável também atrapalhou, já que essa é uma “indústria a céu aberto”. A Coamo (PR), maior cooperativa agrícola do País, sentiu a redução de oferta de alguns tipos de híbridos resistentes à cigarrinha, mas ainda não sabe informar se isso terá impacto na semeadura. Embora relatos indiquem que as maiores fornecedoras do segmento tiveram problemas, a Corteva teria sido uma das mais prejudicadas pelos efeitos do ambiente.
A Corteva informou que infestações sem precedentes de cigarrinha em todo o Brasil causaram enfermidades que afetaram a produção de sementes híbridas de milho. A empresa diz ainda que reconhece que a disponibilidade de sementes está em patamar abaixo do esperado. A situação está sendo monitorada e a empresa está comprometida em atender os clientes. A Syngenta Seeds, por sua vez, afirmou que avalia a situação e que continua atendendo a demanda conforme planejado. Em caso de mudanças, a empresa informará os clientes. A Bayer informou que, até o momento, a oferta de híbridos de milho de suas marcas está alinhada ao planejamento de demanda para a safra corrente. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), os híbridos mais resistentes ao ataque de pragas como a cigarrinha já se esgotaram.
Mas, mesmo a tolerância de algumas sementes não é suficiente sem o manejo adequado. Se o produtor não for cuidadoso e não pulverizar adequadamente o campo, por exemplo, a resistência a um ataque de cigarrinhas acaba. Não faltam variedades com bom desempenho para o plantio da 2ª safra de 2022. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a 2ª safra de milho de 2023 deverá ocupar 17 milhões de hectares no País, uma área 5,4% maior que a de 2021/2022. A colheita deve crescer 12%, para 96,2 milhões de toneladas. Somadas as três safras da temporada 2022/2023 de milho, a produção total deverá aumentar 12,5%, para 126,9 milhões de toneladas. Segundo a Conab, a cigarrinha também afeta o cultivo da safra de verão de milho (1ª safra 2022/2023) que ocorre neste momento. Com isso, a área de plantio deve diminuir 1,5%, para 4,4 milhões de hectares, devido à alta de custos para o controle da praga. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.