10/Out/2022
O aumento do preço do petróleo traz mais um estresse para os dias que antecedem o segundo turno das eleições presidenciais, enquanto a Petrobras é pressionada pelo governo a segurar novos reajustes no mercado interno. Se a commodity ultrapassar os US$ 100,00 por barril, a defasagem em relação aos preços internacionais ficará insustentável e será inevitável uma nova alta da gasolina e do diesel. A mudança de rota acontece em um momento sensível para o mercado de diesel, cuja projeção de déficit no País aumentou de 33 milhões para 115 milhões de litros no mês de outubro, segundo cálculo do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP). No entanto, o mercado será abastecido com os estoques feitos pelas distribuidoras e pelas produtoras brasileiras, inclusive a Petrobras, que aumentaram os volumes armazenados após o alerta para um possível racionamento no País em pleno período eleitoral. No dia 5 de outubro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortou sua produção em 2 milhões de barris por dia, o que deve manter os preços sob pressão.
No dia 5 de outubro, o tipo Brent (referência para o Brasil) subiu 1,12% e chegou a US$ 94,42 por barril. De acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), até o teto de US$ 95,00 por barril a Petrobras não teria razão para mexer nas suas tabelas, pois a diferença seria pequena em relação ao mercado internacional. Mas, se ultrapassar os US$ 100,00 por barril será difícil justificar a manutenção dos preços. Diferentemente do ocorrido no início do ano, quando os combustíveis tiveram de ser reajustados, o dólar está menos valorizado ante o Real, e somente uma alta mais expressiva da commodity pressionaria a empresa a realizar novos aumentos. O diesel no mercado brasileiro deveria subir R$ 0,62 por litro para estar alinhado ao mercado internacional, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que vê uma defasagem de 11% no preço do combustível, cujo preço tende subir ainda mais globalmente por conta da chegada do inverno no Hemisfério Norte. O mercado internacional do diesel e o câmbio pressionam os preços domésticos. A arbitragem está desfavorável para importações.
A gasolina também está com o preço defasado em relação ao Golfo do México, registrando uma diferença de 9% em relação ao mercado brasileiro. Para ficar atrativa para importação, o combustível deveria ter um reajuste de R$ 0,32 por litro nas refinarias. Os últimos reajustes praticados pela Petrobras, agente dominante do mercado brasileiro, foram realizados há 18 dias, no caso do diesel, e há 36 dias, no caso da gasolina. Ambos foram de queda, de 4,07% e 4,8%, respectivamente. A Petrobras afirmou que não existe uma referência única e percebida da mesma maneira por todos os agentes, sejam eles refinadores ou importadores, e que segue monitorando continuamente o mercado e os movimentos nas cotações de mercado do petróleo e dos derivados, que atualmente experimenta alta volatilidade. A companhia reafirma seu compromisso com a prática de preços em equilíbrio com o mercado, sem repassar a volatilidade conjuntural nem movimentos especulativos como os que estão sendo observados recentemente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.