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21/Set/2022

Diesel: redução no preço é técnica e conservadora

A redução no preço do diesel tipo A anunciada pela Petrobras na segunda-feira (19/09), de 5,78%, foi encarada como técnica e conservadora por analistas e agentes de mercado. Apesar da volatilidade que tem marcado o preço de paridade de importação (PPI) do diesel, o fato é que movimentos da semana passada fizeram as cotações do combustível "derreterem", no jargão do mercado, abrindo espaço para descontos domésticos pela Petrobrás. Desde o início de agosto, esta foi a terceira queda do diesel durante a gestão de Caio Paes de Andrade à frente da estatal. Embora respaldados por critérios técnicos, o movimento impõe uma queda acumulada de 12,8% no preço do diesel nas refinarias, que tem se refletido nas bombas, contemplando pressões do presidente Jair Bolsonaro (PL) a dias da eleição presidencial. Para a StoneX, ainda é um movimento totalmente técnico. Fala-se muito de influência política, mas havia espaço até para uma redução mais forte no diesel.

Na semana passada, o preço do diesel no mercado internacional caiu entre R$ 0,70 e R$ 0,80 por litro. Na prática, significa que ainda sobrou espaço para baixar ainda mais o diesel, pelo menos mais R$ 0,30 por litro. A "gordura" deve servir como margem de segurança para a Petrobras não precisar elevar seus preços, caso o movimento se inverta e a cotação do diesel volte a escalar no mercado internacional. Essa possibilidade permanece no radar ante o histórico de descolamento entre os preços do diesel e do barril de petróleo e a conjuntura de oferta mais apertada devido a boicotes ao produto russo e a previsão de demanda crescente, puxada pela chegada das baixas temperaturas e a proximidade do inverno no hemisfério norte. O diesel é o principal substituto do gás natural como insumo para sistemas de aquecimento. Segundo a Ativa Investimentos, existia espaço para queda de até dois dígitos no diesel, mas a Petrobras foi conservadora ao optar por 5,78%.

Isso mostra que a empresa vê cenário próximo ao mercado, de aperto entre oferta e demanda que tende a ficar mais forte à frente. Além da conjuntura derivada da guerra na Ucrânia, pode-se citar também a previsão de intervalos de produção devido a paradas programadas em refinarias ao redor do mundo. Hoje ajustado, o mercado de diesel deve ficar mais apertado nos próximos meses e, pelo menos, até o fim do ano. Essa é a leitura de analistas, para quem a companhia vinha evitando reajustes no diesel para evitar repassar flutuações bruscas ao mercado interno. Até por isso eram esperadas novas quedas somente na gasolina, que têm recuado de forma mais consistente que o diesel no exterior, acompanhando sem sobressaltos o movimento baixista do barril de petróleo. Nos cálculos da StoneX, o preço do diesel da Petrobras estava R$ 0,67 por litro ou 12,8% mais caro que o preço de paridade de importação no fechamento do mercado na sexta-feira (16/09).

Após o reajuste anunciado na segunda-feira (19/09), os preços da estatal seguiram R$ 0,33 por litro ou 6,7% acima do preço internacional. Em linha, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calculava que a defasagem, antes do reajuste, era de 10% ou R$ 0,47 por litro. Mas, no dia 13 de setembro, os preços estavam pareados, o que denota o grau de volatilidade do combustível no exterior. O mercado está extremamente volátil, subindo ou descendo R$ 0,20 por litro todos os dias, em função do preço da commodity ou do câmbio. Isso é característico de mercados apertados. Analistas atribuem a queda recente nos preços internacionais do diesel à alta inédita nos estoques norte-americanos desse combustível, revertendo em parte as seguidas baixas de meses anteriores. Também pesou a publicação de relatório apontando alta das importações europeias de diesel, mas redução das cargas advindas da Rússia, o que sugere êxito na estratégia de substituição do fornecimento sem maiores perturbações.

Porém, a conclusão é precipitada, uma vez que quase a metade do diesel consumido na Europa vem da Rússia e as sanções ainda não estão em vigor. Na semana passada o preço médio do diesel S10 nos postos brasileiros teve leve queda para R$ 6,94 por litro ante R$ 6,96 por litro na semana anterior, um recuo de 0,2%, informou a Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP). A nova redução nas refinarias dá uma sobrevida ao efeito nas bombas. Desde quando foi imposto o teto de 17% no ICMS dos combustíveis, em 24 de junho, o diesel já tinha sido reajustado para baixo nas refinarias da Petrobras em outras duas ocasiões, em 5 e 12 de agosto. Por essa razão, caiu por 12 semanas seguidas, com queda acumulada de 9,6% no preço médio do litro, que variou de R$ 7,68 por litro no início do ciclo para os atuais R$ 6,94 por litro nos últimos dois meses e vinte dias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.