08/Set/2022
Segundo a consultoria StoneX, a estratégia de reduzir o volume de fertilizantes aplicado nas lavouras desestimulou a antecipação das compras dos insumos pelos produtores brasileiros para aplicação na safra 2022/2023. Levantamento trimestral mostra que para uso na safra de grãos de verão (1ª safra 2022/2023), semeada desde agosto, o ritmo das compras de adubos está 4% atrás de igual período do ano passado. O atraso é maior para aplicação na 2ª safra de 2023, com retração anual de 7% no volume assegurado de adubos pelos produtores rurais. O atraso na comparação anual quanto às vendas para o segundo semestre deve-se ao menor volume que será utilizado pelos produtores na safra de verão (1ª safra 2022/2023) em relação ao ano-safra anterior. A projeção é de queda de 7,2% no consumo anual de fertilizantes no País em relação às entregas reportadas no ano passado, para um total de 42,6 milhões de toneladas.
Em relação às compras para safra de inverno (2ª safra de 2023), adubação que será feita na primeira metade do ano que vem, a movimentação mais lenta é atribuída à decisão do produtor de aguardar como serão as condições climáticas para o plantio de soja para definir o volume de adubo que será adquirido para a 2ª safra de milho de 2022. Os produtores estão reticentes em adquirir fertilizante para milho antes do início da semeadura de soja. Primeiro, eles irão avaliar se a janela para cultivo de milho 2ª safra de 2023 será ideal, o tamanho da área das lavouras e, consequentemente, o volume necessário de adubos. O atraso na comercialização de fertilizantes para a safra de inverno (2ª safra de 2023) ainda não é preocupante, pois ainda há tempo hábil para as compras. Não irá faltar produto e os estoques estão elevados. Até o fim de agosto, 76% dos fertilizantes a serem aplicados nas lavouras do País neste semestre, período de plantio da safra de verão (1ª safra 2022/2023), já foram adquiridos, atrás dos 80% de um ano antes. O indicador mostra demanda final fraca às vésperas do plantio da safra.
A maior retração é observada na Região Sudeste, com 72% dos fertilizantes para uso neste semestre travados, atrás também dos 78% há um ano. Na sequência, aparece a Região Sul, onde 75% dos adubos foram comprados, ante 79% de agosto de 2021. As Regiões Centro-Oeste, principal produtora de grãos de verão do País, Norte/Nordeste estão acima do índice nacional na comercialização antecipada para este semestre. No período reportado, 80% dos adubos necessários já haviam sido contratados, ante 82% e 77%, respectivamente, observados em agosto do ano passado. Apesar do atraso na comparação com o ano-safra anterior, as compras avançaram 16% do fim de maio ao fim de agosto. Até maio, a movimentação para a safra de verão (1ª safra 2021/2022), que se iniciou em novembro do ano passado, estava adiantada com receio de escassez dos produtos pelos agricultores. Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Desse volume, a maior parte é aplicada a partir deste mês, quando começa o plantio da soja.
Até o fim de agosto, 32% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras no primeiro semestre do ano que vem (período de semeadura das culturas de inverno como milho 2ª safra de 2023, trigo e 2ª safra de algodão) já tinham sido comercializados. Em igual período do ano passado, o produtor já havia garantido 39% dos adubos a serem aplicados na safra de inverno (2ª safra de 2022). Do fim de maio ao fim de agosto, as vendas avançaram 6%. Para uso na safra 2ª safra de 2023 (safra de inverno), há maior retração na negociação antecipada de adubos na Região Sudeste, que assegurou 26% dos fertilizantes a serem usados no primeiro semestre do ano que vem, ante 27% reportados em agosto de 2021. Na sequência, vem a Região Sul, onde o índice de negociação dos adubos atingiu 29% do volume necessário em agosto deste ano, ante 33% observados em igual período do ano passado. A Região Centro-Oeste, maior produtora de milho 2ª safra do País, garantiu 39% dos fertilizantes para a temporada de inverno 2022/2023, em comparação com 51% há um ano.
Já o Norte/Nordeste foi a região que ficou mais acima da média nacional, com 43% das compras firmadas, mas atrás dos 47% de um ano antes. O levantamento foi feito até o fim de agosto com misturadoras, distribuidoras, cooperativas, médios e grandes produtores de todas as regiões do País e considera as vendas de adubos por meio da fixação de preços e fechamento de contratos para entrega futura. A pesquisa compreendeu uma área de 28 milhões de hectares, equivalente a 38% da área semeada com grãos na safra 2021/2022. Observa-se que a comercialização antecipada do pacote de adubação, especialmente para grãos, se intensifica conforme a relação de troca (quantidade necessária de determinada commodity para compra de 1 tonelada de adubo) fica mais favorável ao produtor. Essa relação, contudo, está menos favorável desde meados do ano passado, em virtude das altas contínuas dos preços dos adubos. Ou seja, o poder de compra de fertilizantes pelo agricultor brasileiro está menor, apesar das cotações sustentadas das commodities. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.