06/Set/2022
Pesquisadores no remoto deserto da Puna, na Argentina, descobriram micróbios (extremófilos) que tornam possível o crescimento de plantas em solo degradado, além de aumentarem em 9% a 13% a produtividade em solo fértil, podendo substituir fertilizantes sintéticos. Com base nesse conhecimento, a empresa Puna Bio levantou US$ 3,7 milhões para lançar comercialmente seu primeiro produto para soja na Argentina, uma alternativa competitiva com soluções biológicas já existentes, além de expandir testes para trigo e milho em busca da aprovação regulatória nos Estados Unidos e no Brasil. A rodada foi liderada pela At One Ventures e Builders VC, com participação da SP Ventures, e Air Capital, além do follow-on dos investidores da rodada anterior: IndieBio (SOSV), Glocal e Grid Exponential. A equipe fundadora da Puna Bio descobriu e estudou por mais de 20 anos a vida na Puna, deserto na região do Atacama nos Andes, um local de muita altitude (4.500 m acima do nível do mar) cheio de salinas, vulcões ativos e um solo desértico.
"La Puna" é o deserto mais alto e seco da Terra, com um quinto das chuvas do Vale da Morte. No entanto, mesmo sob essas condições extremas de solo degradado, ácido, irradiado por raios ultravioletas (UV) e salinizado, existem organismos de 3,5 bilhões de anos que não apenas sobreviveram, mas prosperaram nessas condições. Olhando para as propriedades genômicas das bactérias desse ambiente extremo, que se assemelha à Terra primitiva, ou mesmo Marte, é possível entender como genes específicos fazem com que as plantas superem estas condições de estresse. Essas propriedades podem então ser aplicadas à agricultura, para auxiliar o crescimento das culturas em ambientes semelhantes com falta de nutrientes, condições de seca, mudanças drásticas de temperatura e alta radiação UV, além de aumentar produtividade em condições normais, que são um dos maiores desafios do agronegócio global.
Os cientistas estão trabalhando muito com organismos geneticamente modificados, como soja e trigo tolerantes à seca, e a Puna Bio vem complementar esses esforços. A empresa já identificou e isolou cepas específicas de extremófilos que reduzem a necessidade de fertilizante nitrogenados em aproximadamente 20% e estão realizando testes com novas cepas que visam a aumentar esse número para 30%. A redução dos fertilizantes nitrogenados reduzirá, por sua vez, as emissões de carbono, uma vez que atualmente são a fonte de um terço das emissões agrícolas totais. A Puna Bio foi fundada no fim de 2020, e rapidamente escalou suas operações de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em testes de campo na Argentina e nos Estados Unidos, tendo tratado mais de 600 toneladas de sementes de soja e realizado testes em mais de 20 mil hectares na América Latina. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.