12/Ago/2022
O Grupo Vittia, que produz fertilizantes especiais e defensivos biológicos, obteve lucro líquido de R$ 5,3 milhões no segundo trimestre deste ano. A empresa reverteu o prejuízo de R$ 3,8 milhões registrado em igual período de 2021. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 15,7 milhões, aumento de 439,0% ante o segundo trimestre de 2021. A receita líquida aumentou 50,2% na mesma base de comparação, para R$ 156,8 milhões. As vendas de produtos biológicos (defensivos e inoculantes) somaram R$ 13,6 milhões, crescimento de 141,6%, enquanto as da linha de micros de solo atingiram R$ 46,1 milhões (+67,1%). O cenário turbulento no mercado de fertilizantes em virtude da guerra Rússia-Ucrânia pode ter sido favorável à adoção, pelos agricultores, de tecnologias como inoculantes, micros de solo e defensivos biológicos.
Com o aumento de preço tão expressivo, o produtor buscou otimizar o uso de fertilizantes, seja pela redução das dosagens, por buscar ter mais eficiência, ou pela busca de alternativas. O inoculante para a soja já era uma tecnologia bem consolidada e houve neste ano uma intensificação do uso. O crescimento de 141,6% na receita operacional líquida da linha de produtos biológicos (defensivos e inoculantes) contribuiu para o melhor resultado de vendas da empresa no segundo trimestre. A empresa considera a performance extraordinária no trimestre em relação aos fertilizantes biológicos. Esse é, sazonalmente, o trimestre mais fraco do ano, espremido entre a 2ª safra de milho e a cultura da soja. Mas, é um termômetro de quão aquecido está o mercado de biológicos. A empresa não costumava apresentar lucro no segundo trimestre, mas entra em "outra sazonalidade" com os biológicos, com vendas para culturas como milho 2ª safra, algodão, café, cana-de-açúcar e feijão.
Por ser um trimestre de entressafra, não é tão representativo para o resultado do ano. Não se pode dizer que esse vai ser o ritmo até o fim do ano. Mas, o ano deve ser positivo para a empresa e para a agricultura, apesar dos desafios iniciais de seca em algumas regiões, especialmente na Região Sul do País, e da crise de fertilizantes deflagrada pela guerra. Já o terceiro trimestre é o mais importante do ano para a empresa, porque a Vittia fatura quando entrega os produtos, e o período de julho a setembro contempla as entregas para a soja, principal mercado. Apesar de todo esse incremento de custo, ainda sobrou uma rentabilidade razoável para o agricultor seguir investindo. A alta do custo do NPK com a guerra Rússia-Ucrânia precisou ser repassada para fertilizantes especiais. Houve uma pressão muito forte de custo e foi necessário repassar. Uma parte importante do crescimento da linha organomineral deveu-se à elevação de preço.
A expectativa é de acomodação dos preços no segundo semestre. O grande risco era de uma escassez substancial de fertilizantes básicos, e já está claro que isso não vai acontecer. Não houve suspensão de entregas da Rússia e, mesmo que ocorra uma suspensão, há bastante do insumo desta safra internalizado ou a caminho do Brasil. Ainda é possível perceber atraso na aquisição de insumos por parte do produtor. A linha de nutrição especial mostra um grau de atraso na decisão em função do cenário complexo. Quando a relação de troca não está favorável, o produtor acaba tentando ganhar um pouco mais de tempo. A relação de troca já melhorou, mas não está como no ano passado. A logística é uma preocupação para o mercado de insumos. Se houver problema de logística, por menor que seja, vai ter escassez na ponta. Quem deixar para última hora corre o risco de ficar sem produto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.