27/Jul/2022

Com a sua sétima aquisição desde 2019, desta vez da tradicional Casa do Adubo, a plataforma de insumos agrícolas Nutrien diversifica o perfil de produtores com os quais atua e mais que dobra a cobertura de Estados atendidos no Brasil. Até a aquisição, a empresa vendia principalmente para agricultores de médio porte e estava presente em 5 Estados. Ao adquirir a Casa do Adubo, ganha corpo nos segmentos de agricultores de menor porte e redistribuição para revendas menores e junto a alguns grandes produtores. A aquisição é complementar no sentido de serem segmentos de clientes diferentes e de que a empresa saiu de 5 para 13 Estados, se expandindo geograficamente. Agora, a Nutrien é efetivamente uma plataforma nacional de insumos e serviços para o agricultor. Está presente na maior parte dos Estados que têm agricultura no Brasil.

A empresa está entre os líderes do segmento no País, ao lado de Lavoro e AgroGalaxy, segundo fontes do setor. A transação, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), inclui 39 lojas, sob a marca Casa do Adubo, e 10 unidades de redistribuição, sob a marca Agrodistribuidor Casal, no Acre, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Com o negócio, cujo valor não foi revelado, a Nutrien passará a contar com 180 pontos comerciais na América Latina, 5 unidades industriais e 4 misturadores de fertilizantes. A expectativa é de que a aquisição impulsione as vendas da empresa em aproximadamente US$ 400 milhões, aumentando o faturamento da Nutrien na América Latina para aproximadamente US$ 2,2 bilhões. O acréscimo em perfil de cliente foi determinante para a escolha da Casa do Adubo.

Os segmentos de clientes em que a Casa do Adubo atua são sensíveis a uma proposta de valor que envolva não somente produtos em si, mas a combinação adequada deles em uma solução integrada. A estratégia leva em conta que produtores de menor porte precisam de suporte não só na área de planejamento agronômico, mas também para financiamento, seguro, logística e armazenagem. É uma grande oportunidade no Brasil de fazer diferença junto a pequenos agricultores, que são extremamente demandantes de assistência técnica, de serviços e de apoio. Cada aquisição no País trouxe competências complementares para a Nutrien e há o desafio de unificar a atuação. Diferentemente de outras plataformas, a Nutrien não mantém as marcas originais das empresas. Faz a transição gradual, respeitosa e com cuidado.

De forma orgânica, sem considerar as aquisições, o plano é crescer 70% em 2022, percentual similar ao obtido em 2021, quando a empresa faturou R$ 3 bilhões no País. O plano é terminar 2022 com 20 novos centros de experiência, que não possuem estoque próprio e são atendidos por estruturas de distribuição de defensivos, sementes e nutrição, em áreas onde a empresa não estava presente anteriormente. A Nutrien prevê ainda converter os pontos de vendas das empresas adquiridas em centros de experiência. Também iniciou a construção de três novos misturadores, em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, previstos para serem concluídos no último trimestre de 2023, para somar aos 4 que opera no País. Para decidir se buscará expansão orgânica, abrindo os próprios centros de experiência ou por meio de aquisições, a empresa tem um mapa estratégico dos grupos de agricultores que busca atingir e onde planeja atuar no Brasil. Para todas as empresas adquiridas há um plano intensivo de aumento das vendas.

A Nutrien traz seus produtos, competências financeiras e serviços para alavancar ainda mais o crescimento que essas empresas já vinham executando. Novas aquisições seguem no radar. A Nutrien continua buscando empresas selecionadas e que façam sentido para o crescimento. Há Estados, como Rio Grande do Sul, Paraná, alguns da Região Nordeste que a empresa não está presente. O que não for possível fazer por meio de aquisição será feito de forma orgânica. Mesmo após uma sequência de 49 aquisições no mercado de distribuição de insumos desde 2013, a consultoria Blink vê espaço para consolidação adicional no setor. Os líderes de mercado têm entre 3 e 5% de mercado. Esse processo ainda não se aproxima do fim. Há espaço para entrada de novos players no segmento, mas ele vem se estreitando rapidamente, com a diminuição do leque de boas opções de compra. Há doze grupos principais, com perfil de plataforma. Esses devem prevalecer. Podem, entretanto, mudar de mãos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.