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21/Jul/2022

Fertilizantes: produtor da Bahia reduzirá aplicação

Os preços elevados dos fertilizantes estão levando os produtores de Luís Eduardo Magalhães (BA) a cortarem o volume de adubo que vão utilizar na safra 2022/2023, especialmente nas áreas de soja. Em algodão, os produtores consideram arriscado trabalhar com redução de fertilizantes. Apesar dos preços elevados dos adubos, não se observa nenhum problema na oferta dos insumos, o que era temido pelos produtores com o avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia. O que se percebe é um pedido de antecipação por parte das misturadoras para entregarem o quanto antes os pedidos. Com o aumento expressivo do preço dos adubos, os produtores de grãos e algodão da Bahia preveem reduzir a adubação das lavouras de 20% a 30% na safra 2022/2023, que vai ser semeada a partir de outubro deste ano. Os maiores cortes devem ser feitos nas áreas de soja, já que algodão é mais sensível a mudanças de tecnologias e milho exige maior nível de adubação nitrogenada.

Os produtores alegam que há "poupança" de ativos no solo após adubações expressivas nos anos anteriores, mas não descartam preocupações com a produtividade das lavouras. O Grupo Fazenda Busato planejou as compras de adubos em volume 20% menor do que o aplicado na safra 2021/2022. O Grupo já finalizou a aquisição de fertilizantes para a temporada. Os preços foram considerados altos, mas como são volumes grandes e há dependência da logística, não foi possível aguardar momento de queda nos preços. O preço do cloreto de potássio quadruplicou e o do fósforo triplicou, o que puxou o custo de produção para cima. Este é o momento de gastar a poupança criada no solo ao longo do tempo, com o cuidado de não perder produtividade. O corte é de 20%, em média, conforme recomendação de agrônomos. Em algodão, não há espaço para redução de adubos pelas especificidades da cultura. Alguns produtores de soja e milho avaliam o volume total a ser comprado de fertilizantes.

A decisão deve ser tomada até agosto e setembro deste ano, para aplicação na lavoura em meados de novembro. A StoneX prevê corte de 20% nos adubos utilizados pelos produtores. A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado da Bahia (Aprosoja-BA) estima redução de 20% a 25% no uso de fertilizantes em lavouras de soja no Estado. O corte é feito em lavouras com "perfil de solo", em que foram investidos bons volumes de adubos nos últimos anos e que agora têm a chamada poupança de solo. Haverá redução de fertilizantes, mas não de produtividade das lavouras. A poupança de solo nas áreas em que são feitas é suficiente para até dois anos, sem perda de produtividade. Não é possível reduzir a quantidade de semente, de máquinas ou de defensivos. A única coisa que o produtor consegue reduzir é fertilizante. O motivo apontado é o aumento expressivo dos preços. O valor que o produtor gastou na safra passada para comprar calcário, cloreto de potássio e fósforo para adubação, hoje não compra nem o cloreto de potássio. A soja não acompanhou essa alta.

A Aprosoja-BA estima que cerca de 20% dos insumos foram comprados pelos produtores da região oeste da Bahia, adquiridos especialmente em janeiro deste ano. As compras estão atrasadas porque o produtor que migrou áreas de algodão e milho para soja ainda não decidiu o quanto vai comprar de nitrogenados. Essa região concentra a produção de grãos e algodão do Estado. A região é formada pelos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Formosa do Rio Preto, Correntina, Santa Maria da Vitória, Cocos, Jaborandi, Baianópolis e Riachão das Neves. A Schmidt Agrícola avaliou que o custo dos fertilizantes vai influenciar, inclusive, na decisão de plantio das culturas pelos produtores, que ainda podem optar por lavouras de menor exigência de fertilizantes, como soja, em vez de algodão e milho. A disponibilidade e preço dos adubos podem influenciar em alterações na instalação da safra 2022/2023, o que será um ponto sensível para definir a área de cada cultura.

É mais fácil ter migração para soja, que permite redução de 50% a 60% de adubos, do que tirar fertilizante de milho e algodão. Os custos de fertilizantes não são condizentes com o plantio da próxima safra. Não está descartada a redução dos adubos. Contudo, mesmo com a poupança de adubos no solo, há risco de perda de produtividade na safra. Há preocupação com safra menor. Nível de corte sem prejuízo à produtividade não existe. Se consumir o que tiver no solo, no ano seguinte terá de ser recomposto. O Grupo Horita, um dos principais produtores de algodão do Estado, avaliou que a redução de 20% a 25% na adubação pode vir acompanhada de redução de produtividade. Se o produtor estiver dependente de recursos de terceiros, a redução avaliada junto com o corpo técnico pode ser uma estratégia, mas tem de ser considerada risco de redução na produção. Na safra 2016/2017, o Grupo Horita reduziu em 60% por questão econômica e a produção veio dentro da estabilidade, mas há risco.

A ideia é reduzir o nível de adubação de 112 mil hectares de lavouras na safra 2022/2023 porque adquiriu os insumos antecipadamente até janeiro deste ano. O preço do pacote de fertilizantes foi o dobro do gasto na safra 2021/2022, mas ainda em preços mais baixos que os atuais. A Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia (Cooperfarms), que tem 100 grupos familiares cooperados, estima que os seus produtores cooperados adquiriram todo o pacote tecnológico de fertilização em meados de janeiro e fevereiro deste ano, antes da guerra no Leste Europeu. Embora os preços na época estivessem mais atrativos que os atuais, os volumes comprados foram em média 25% a 30% menores que os adquiridos na temporada anterior. O produtor está olhando o que tem no solo para fazer a redução assertiva do volume investido em fertilizantes, porque os preços dobraram e triplicaram em alguns ativos. Será um ano em que somente o necessário será colocado no solo, com necessidade de ser recomposto no próximo ano. A relação de troca desfavorável foi determinante para a decisão de corte de adubo por parte dos agricultores.

A relação de troca de potássio para a soja passou de 6 sacas de 60 Kg de soja para adubação de 1 hectare da safra 2021/2022 para 11 sacas de 60 Kg de soja para 1 hectare na temporada 2022/2023. Para o cloreto de potássio (KCl), por exemplo, os cooperados pagaram US$ 870,00 por tonelada, ante o pico de US$ 1.200,00 por tonelada observado em maio deste ano, mas acima dos US$ 280,00 por tonelada pagos na safra 2021/2022. A Cooperfarms calcula que praticamente todos os insumos a serem utilizados nas lavouras pelos cooperados já foram adquiridos. Parte dos insumos já foi recebida pelos produtores e a outra parte está sendo entregue. Apesar da intenção de corte declarada pelos produtores, a indústria local de fertilizantes não observa recuo nas compras dos produtores. Recentemente, executivos da Cibra e da Galvani, misturadoras com expressiva participação na Bahia, afirmaram que o mercado apresenta de estabilidade a crescimento em relação às vendas de adubos da safra passada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.