04/Jul/2022
A indústria brasileira de máquinas diz que R$ 10,16 bilhões do Moderfrota só financiam o que já está no pátio e devem acabar em 40 dias. Os R$ 10,16 bilhões previstos no Plano Safra 2022/2023 para o Moderfrota, programa de crédito rural para a aquisição de máquinas agrícolas, são suficientes apenas para 40 dias, segundo avaliação de Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Segundo ele, é muito pouco recurso para um mercado de R$ 90 bilhões. Vai financiar apenas o que está no pátio das indústrias e deve acabar em outubro, acrescentando que o volume de recursos representa o que foi vendido na Agrishow, feira realizada no final de abril em Ribeirão Preto, que teve um faturamento total de R$ 11,2 bilhões.
A entidade havia pedido ao governo um crédito de R$ 43 bilhões para a compra de máquinas, sendo R$ 32 bilhões para o Moderfrota e mais R$ 11 bilhões para a linha de investimento do Pronaf, que ainda não teve seu valor divulgado, mas a Abimaq estima que seja de uns R$ 3 bilhões. Segundo Estevão, os R$ 43 bilhões seriam um volume razoável para se voltar ao que era oferecido ao setor há três ou quatro anos. O setor pediu o necessário, mas sabia das limitações do teto de gastos. Esse Plano Safra foi planejado apenas para custeio e, mesmo assim, só deve cobrir um terço do custeio. A taxa de 12,5% ao ano para o Moderfrota também não agradou. Ficou muito caro, considerando a Selic de 13,25%. No mercado, o produtor acha hoje taxas de 12% a 17%, dependendo do seu rating, segundo ele.
O dirigente diz que as compras de máquinas à vista e com recursos de bancos privados têm aumentado desde 2020, graças à alta rentabilidade das culturas, especialmente as de exportação, mas ressalta que esse não deve ser o cenário da próxima safra, que terá custos de produção bem mais elevados e incerteza sobre preços de venda. Ainda abaladas pelos reflexos da crise na cadeia de suprimentos, as indústrias de máquinas agrícolas estão operando com uma carteira de pedidos para entrega em nove semanas. O normal varia entre seis e sete. Segundo a Abimaq, a cadeia está se normalizando, mas o atraso nas entregas de alguns componentes eletrônicos como chips ainda é grande. Além da taxa de juros de 12,5%, o Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras) do Plano Safra 2022/2023 que entrou em vigor na sexta-feira (1º de julho) tem prazo de pagamento de 7 anos, carência de 14 meses e limite de financiamento de 85%. Fonte: G1. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.