21/Jun/2022
Os "olhos" de Solix vasculham os pés de algodão em busca de fungos quase invisíveis e observam o solo para verificar a presença de fertilizante, o teor de umidade e a quantidade de matéria orgânica. Tudo o que vê e observa, ele transmite automaticamente para Alice e segue adiante, avaliando as plantas de outros talhões. Solix é o primeiro robô brasileiro desenvolvido para monitorar as lavouras de grãos e fibras no campo, como se fosse o agrônomo ou o próprio produtor. Alice é uma plataforma de inteligência artificial que, como boa parceira, orienta as ações de Solix, interpreta os dados e toma decisões. Ambos são produtos da Solinftec, uma startup do setor agropecuário (agtech) fundada em 2007 em Araçatuba (SP) que se expandiu pelo País e avança por outras regiões agrícolas do planeta. Criado inicialmente para atender lavouras de grãos e algodão, o Solix é programado para percorrer as plantações dia e noite e analisar planta por planta, inclusive as folhas baixas, detectando até pragas ainda na fase de ovos ou larvas. O monitoramento permite controle mais rápido e o uso de defensivo apenas onde é necessário.
O robô dispõe de ferramentas para avaliar a saúde do solo e determinar onde é preciso aplicar mais ou menos fertilizantes. A empresa aposta em seu potencial para a agricultura sustentável: por meio do sistema, a redução de insumos químicos (fertilizantes e defensivos) nas lavouras pode chegar a 30%, enquanto a economia de inseticida, com a identificação precoce das pragas, inclusive as de hábitos noturnos, pode chegar a 70%. Quanto menos insumos químicos aplicados, menor é a emissão de gases de carbono na atmosfera. Com a aplicação mais precisa do defensivo, a ação se torna mais efetiva e os inimigos naturais da praga não são eliminados, como acontece na aplicação convencional. O robô é movido a energia solar, se move nas entrelinhas das plantas e tem capacidade de operar durante três dias na ausência de incidência de luz do sol. Sua pretensão de minimizar a compactação do solo se vale também de outros fatores, como o equipamento traçar mapas de ação com base nas condições de cada planta, o que viabiliza o uso de máquinas menores para pulverizar apenas as áreas necessárias.
Além disso, entre outros dispositivos, o robô pode ser dotado de um sensor de compactação para fazer as recomendações necessárias e evitar o agravamento do problema. Medindo 2,5 metros por 2 metros, o Solix é equipado com sensores, câmeras com softwares que captam e analisam as imagens e trabalha de forma autônoma, cumprindo as tarefas programadas pela Alice. O Solix consegue andar por toda a fazenda sem precisar de controle humano. Para isso, ele utiliza dois métodos de condução: um GPS de altíssima precisão que o permite seguir linhas previamente programadas e, o outro, câmeras e visão computacional que identifica onde está a cultura e direciona o robô para andar sem pisotear as linhas de plantio. Enquanto um pulverizador agrícola pesa cerca de 8 toneladas, a versão comercial do Solix tem peso de 200 quilos. Sua circulação pela lavoura é direcionada pela Alice, a plataforma de inteligência artificial que identifica o trajeto mais eficiente, o momento ideal para o deslocamento e faz o robô ir apenas aonde é preciso.
A assistente virtual com a qual o robô mantém constante diálogo utiliza um sistema baseado em redes neurais e é treinada para analisar grandes massas de dados, sendo capaz de detectar padrões que escapam ao olho humano. A plataforma conta com uma biblioteca agro atualizada por mais de 10 bilhões de informações de campo por dia. Já o robô tem capacidade para monitorar 2 milhões de plantas por dia trabalhando 24 horas de forma ininterrupta. Com uma planilha no campo, um técnico não conseguiria avaliar mais do que 100 plantas por dia. O Solix nasceu como uma extensão da Alice, sendo uma espécie de ‘olhos’ da plataforma dentro das lavouras. Em um ciclo contínuo, após o manejo, o Solix escaneia novamente a área e informa se a operação foi bem sucedida e se trouxe os resultados esperados. O uso da inteligência artificial e robótica na agricultura de precisão reflete uma tendência nas áreas mais avançadas do agro. Com máquinas menores, os produtores evitam impactos no solo e nas plantas e reduzem custos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.