20/Jun/2022
Após 99 dias congelado, o preço da gasolina foi reajustado pela Petrobras, passando a custar, a partir do dia 18 de junho, R$ 4,06 por litro nas refinarias da estatal, um aumento de 5,2%. O diesel, há 39 dias sem aumento, passou a custar R$ 5,61 por litro, alta de 14,2%. Os reajustes refletem a disparada dos preços dos derivados no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo e refletindo maior demanda e o fechamento de refinarias em meio à guerra entre a Rússia e Ucrânia. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para alinhar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas, o aumento deveria ser de R$ 0,57 por litro para a gasolina e R$ 1,37 por litro para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%, respectivamente. O aumento segue a escalada de preços do petróleo no mercado internacional.
Na sexta-feira (17/06), os contratos da commodity para agosto eram comercializados a US$ 119,50 por barril. O câmbio também não está ajudando e já ultrapassa os R$ 5,00 com a cautelados investidores impulsionando a moeda norte-americana. A alta dos combustíveis tem sido ponto de tensão entre a Petrobrás e o governo. O presidente Jair Bolsonaro critica a companhia pelos altos lucros e distribuição de dividendos bilionários, inclusive para a União, e pedia para que novos reajustes não fossem realizados. Pelo estatuto da estatal, um eventual prejuízo provocado pelo seu acionista controlador (União) tem que ser compensado, ou seja, para segurar os preços em relação ao mercado internacional, a União teria que pagar a diferença à Petrobrás. Nos últimos dias, outras autoridades ligadas a Bolsonaro vieram a público reclamar da estatal, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Mas, a Petrobras não cedeu às pressões do governo e de autoridades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e aumentou os preços do diesel e da gasolina na sexta-feira (17/06). A estatal afirmou que é sensível ao momento que o Brasil e o mundo enfrentam, de alta de preços, rebatendo declarações que vêm sendo feitas nas últimas semanas por Bolsonaro. Após o anúncio dos aumentos, Bolsonaro afirmou que "a Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos", e relembrou a greve dos caminhoneiros de 2018, que parou o Brasil. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, chegou a dizer que a Petrobras "declarou estado de guerra ao povo brasileiro", e que a empresa age como "inimiga do Brasil". O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que a Petrobras "não é de seus diretores. É do Brasil".
A estatal explicou que busca o equilíbrio de preços com o mercado global, e evita trazer a instabilidade do mercado internacional para o País, tanto que manteve o preço da gasolina congelado por 99 dias e do diesel por 39 dias, prática que não é comum a outros fornecedores no Brasil e nem fora do País. A Acelen, por exemplo, única refinaria de grande porte privada brasileira, reajusta os preços semanalmente. Os reajustes refletem a disparada dos preços dos derivados no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo e refletindo maior demanda e o fechamento de refinarias em meio à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O mercado de energia passa por um momento desafiador, pelo impacto da recuperação econômica e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que reduziram a oferta e aumentaram a demanda, principalmente por diesel.
Em resposta às críticas do governo, a empresa explicou que, apesar de impactar os preços, a conjuntura tem gerado recursos públicos bilionários, destacando que em 2021 pagou R$ 203 bilhões entre impostos, royalties e participações especiais, e que este ano, até julho, vai desembolsar R$ 32 bilhões para os cofres públicos. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os reajustes de 14,2% para o diesel e de 5,2% para a gasolina reduziram a alta defasagem desses combustíveis em relação ao mercado internacional, mas ainda não são suficientes para abrir a de importações para os pequenos e médios importadores. É uma boa sinalização, mas não é suficiente para abrir a janela nem para o diesel nem para a gasolina. Antes do aumento da Petrobras, a defasagem do diesel era de 21% e da gasolina de 13%. O reajuste vem ao encontro do que a Petrobras vem falando, que vai absorver alguma defasagem para não ter um impacto mais forte no mercado interno. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.