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01/Jun/2022

Combustíveis: privatizar a Petrobras elevará preços

Segundo o consultor do setor de energia e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) David Zylbersztajn, o País tem "sorte" de não estar crescendo, ou já estaria faltando combustíveis. Privatizar a Petrobras não reduz o preço dos combustíveis, muito pelo contrário. E se acabar com a política de preços de paridade de importação (PPI) da empresa, vão encerrar também os investimentos no setor de refino e suspender as importações de combustíveis. Ele classifica as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras como "palanque eleitoral", e que a transferência da estatal para o setor privado significaria a transferência de monopólio, sem ganho para o consumidor. O presidente Bolsonaro voltou a criticar a política de preços da estatal nesta terça-feira (31/05), e disse que pensa em fatiar a Petrobras, em um processo de privatização que levaria pelo menos quatro anos, mesmo tempo que está levando a privatização da Eletrobras.

O presidente mais uma vez afirmou que a estatal não pode continuar com sua política de preços de mercado (PPI), sob o risco de quebrar o Brasil. De acordo com Zylbersztajn, a venda da Petrobras seria muito mais complexa do que a da holding estatal do setor elétrico, além do valor ser "absurdo", principalmente diante da escalada do preço do petróleo. Não se sabe quanto vale a Petrobras. O valor das reservas da Petrobras é incomensurável com o petróleo perto de US$ 120,00 por barril. Multiplica isso com o volume das reservas da Petrobras, e, além das reservas, adiciona o que já foi descoberto e o que tem para descobrir. É um valor incomensurável. Em 31 de dezembro de 2021, as reservas da Petrobras eram de 9,88 bilhões de barris de óleo equivalente (Boe), alta de 12% contra 2020. Importante destacar que uma coisa é o valor na bolsa de valores da empresa, outra coisa é comprar os ativos.

A Petrobras vai ser um 'cash cow' (vaca leiteira, ou boa pagadora de dividendos) ao longo dos próximos anos. A distribuição de dividendos bilionários aos acionistas é outro ponto de crítica de Bolsonaro, que acusa a empresa em privilegiar com um alto volume de recursos (R$ 48 bilhões apenas no primeiro trimestre deste ano, depois de R$ 100 bilhões distribuídos em 2021 a "velhinhos norte-americanos", em referência aos fundos de pensão que são sócios da empresa). Zylbersztajn afirma que acabar com a política de mercado da Petrobras é enterrar o setor de refino brasileiro. Isso porque com o controle de preços pelo governo, a estatal perderia dinheiro ao não repassar as altas de preços internacionais. Pelo Estatuto da estatal, se tiver de seguir a política desejada pelo governo, a Petrobras tem de ser ressarcida, o que não seria o caso dos agentes privados.

O Brasil precisa muito de investimento em refino. Se a economia brasileira crescesse, já estaria com uma falta enorme de combustível no País. Se o governo sinalizar que a Petrobras terá preços artificiais, não é possível garantir a importação e a chance de faltar combustível é muito grande. O governo deveria encontrar outras soluções para a escassez do diesel, por exemplo, que ameaça faltar no segundo semestre. Poderia tentar reduzir a dependência do diesel. O governo estadista estaria buscando financiar ônibus e caminhões a gás natural ou elétrico em vez de colocar dinheiro no bolso de quem usa gasolina, uma referência às especulações de possíveis subsídios que estão sendo estudados para diminuir o impacto dos preços dos combustíveis no bolso do eleitor.

Se a Petrobras continuar com a prática de mercado, em algum momento, com reclamação ou não do presidente Bolsonaro, o presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho, terá de mexer nos preços. Nesta terça-feira (31/05), segundo a Associação dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço da gasolina era de 11% em relação ao Golfo do México, e do diesel de 7%. Para equiparar os preços, a Petrobras teria de aumentar em R$ 0,48 e R$ 0,37 por litro, respectivamente. Com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, os preços dos combustíveis dispararam no mercado internacional, e principalmente o diesel ficou escasso no mundo todo, o que deve se agravar com as sanções ao petróleo e gás russos. Nesta terça-feira (31/05), o petróleo do tipo Brent para o mês de agosto avançava 0,76%, a US$ 118,49 por barril. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.