ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

27/Mai/2022

Diesel: preocupação com possível desabastecimento

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a crise de abastecimento de diesel é global e o Brasil não vai passar imune à escassez do produto, principalmente se a Petrobras não alinhar seus preços com o mercado internacional. Apesar de ainda não faltar nos postos de abastecimento, a possível escassez do produto no segundo semestre começa a preocupar também os caminhoneiros, que já reclamavam do preço e agora terão mais um fator de estresse na categoria. a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) pede transparência com relação ao estoque de diesel para o mercado interno. Nos postos com bandeira (com a marca das distribuidoras) não existe ameaça de desabastecimento no momento, mas os postos de bandeira branca (sem marca) já estão com uma racionalização seletiva.

Não tenho há relato de falta sistêmica, mas já houve problema de posto do interior do Ceará ficar até três dias sem combustível. As grandes bandeiras - Ipiranga, Shell (Raízen) e Vibra - ficam com 70% do diesel vendido pela Petrobras e importam o restante, diluindo assim a diferença de preços entre os mercados interno e externo. Já os postos sem bandeira compram pouco da Petrobras e dependem de importadores regionais, ficando em desvantagem no mercado. Mesmo caro, o diesel pode faltar nos postos de abastecimento no segundo semestre do ano, com o consumo impulsionado por questões sazonais (férias no Hemisfério Norte e safra) e a retomada da economia com o fim do isolamento social por conta da Covid-19, que estão sendo agravadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que deslocou o fluxo de venda de diesel para a Europa a fim de compensar os cortes de fornecimento de petróleo e gás russo.

Com estoques baixos, os Estados Unidos também estão com demanda acima do normal, o que reduz ainda mais a oferta para outros países. No Brasil, o que preocupa é a defasagem de preço em relação ao mercado internacional e a falta de previsibilidade. Os grandes importadores (Petrobras, Ipiranga, Raízen e Vibra) têm feito importações elevadas, mas os outros 300 importadores do mercado não estão conseguindo. A Raízen admite que realmente há risco de desabastecimento de diesel, mas que, por enquanto, a situação ainda está "dentro do controlável". A empresa continua a importar o produto e a pagar mais caro para honrar os contratos com seus clientes. De acordo com a Abicom, tanto o Ministério de Minas e Energia (MME) quanto a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) estão acompanhando de perto a situação e monitorando os estoques. Todos precisam informar o nível de estoques e a expectativa de importação para a ANP e MME.

A ANP se limitou a dizer que monitora o abastecimento nacional de combustíveis líquidos de forma sistemática por meio do acompanhamento dos fluxos logísticos em todo o território brasileiro e que, na presente data, o abastecimento com diesel aos consumidores se mantém regular. No momento, apenas algumas faltas de diesel pontuais foram relatadas à Abicom, mas seus dez associados já informaram que não estão dispostos a importar diesel no momento e nem gasolina, esta última sem reajuste há 76 dias. A maior dificuldade será no segundo semestre em função da incerteza. Não é possível fazer contratos sem previsibilidade de preço. Pode até mesmo não ter o produto e se tiver, vai estar muito caro. É difícil tomar uma decisão agora, ainda mais com a declarada intervenção do governo na Petrobras, uma referência à indicação de um membro do Ministério da Economia para a presidência da empresa, em um claro movimento do governo de tentar interferir nos preços da estatal.

Apesar do discurso de acompanhar a paridade do mercado internacional, a Petrobras não tem feito os reajustes necessários para garantir o abastecimento do País. No caso do óleo diesel, a Petrobras está até alinhada no momento, mas, na gasolina, existe uma grande defasagem. Segundo dados da Abicom, a defasagem da gasolina está em 6% e do diesel, em 2%. Para a entidade, o presidente demissionário da Petrobras, que ainda tem mais dias pela frente do que teve de mandato (40 dias), deveria aproveitar para alinhar os preços e evitar um possível processo por parte dos acionistas minoritários, porque a prática de preços no mercado interno abaixo do mercado internacional traz prejuízo para a companhia. Para o setor, a solução para evitar o desabastecimento de diesel ou gasolina seria uma mudança de comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.