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24/Mai/2022

Fertilizantes: Brasil precisa reduzir a dependência

Nos últimos 15 anos, o Brasil aumentou a dependência de insumos importados para a agricultura. Em 2021, 90% dos insumos usados no País foram trazidos de fora. O Brasil produz cerca de um terço de toda a soja disponível no mundo. Somando com Argentina, Paraguai e Uruguai, a América do Sul concentra mais da metade da produção mundial. Ao mesmo tempo, há uma dependência cada vez maior da importação de insumos. O que está em questão não é a autossuficiência em produção de fertilizantes e sim a redução da dependência externa. Nesse sentido, com exceção de regiões do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os solos brasileiros não são naturalmente férteis. Dessa forma, a produção agrícola de muitas áreas ocorre em solos com fertilidade construída e dependente do uso constante de fertilizantes. Não é só o adubo que é importado, mas também a tecnologia embutida neles.

Dessa forma, é necessário que o Brasil também desenvolva tecnologias próprias para a adubação e, acima de tudo, use as tecnologias que já têm disponíveis desenvolvidas por universidades e instituições públicas de pesquisa. O assunto é estratégico e precisa ser tratado com soluções a curto, médio e longo prazo. Uma dessas soluções é a Caravana Embrapa FertBrasil, que foi iniciada neste mês de maio e percorrerá a todas as principais regiões produtoras do país levando informações sobre alternativas para uso mais eficiente dos fertilizantes. Há tecnologias para melhoria da eficiência do uso do NPK e é preciso utilizar essas boas práticas. Não é aceitável perdas acima de 60% em fertilizantes que são trazidos de tão longe. A Caravana é parte do Plano Nacional de Fertilizantes, que o governo brasileiro lançou em março desde ano.

A política de Estado visa, sobretudo, garantir a segurança alimentar por meio de 80 metas a serem cumpridas até 2050. O Plano começou a ser desenvolvido muito antes da atual crise de oferta de fertilizantes provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e algumas das ações relacionadas a ele começaram a ser desenvolvidas ainda antes do lançamento, como a busca por novos mercados fornecedores de insumos. Assim como tem a crise atual, outras vão acontecer. É preciso saber como o País vai se preparar para as próximas crises. É importante saber que tipo de risco o Brasil quer assumir. A exposição a risco do Brasil estava muito alta. É preciso diminuir nosso risco sem reduzir a competitividade. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostrou a evolução da dependência brasileira de fertilizantes, que passou de 65% para 90% em apenas 15 anos.

No caso dos adubos nitrogenados, a produção interna supre 20% da demanda, no fósforo são 40% e no potássio apenas 5% da demanda atendida pela produção interna. As importações de cloreto de potássio somaram 12,5 milhões de toneladas em 2020, sendo que 3,4 milhões de toneladas vieram da Rússia e 2,3 milhões de toneladas de Belarus. No caso de Belarus, sanções internacionais impediram a exportação, a partir do fim de 2021. No caso da Rússia, sanções econômicas estão dificultando o pagamento, porém, as exportações têm ocorrido. Por ora, o alerta é “amarelo” em relação à Rússia. O Brasil está conseguindo importar e pagar. Mas, a oferta e a demanda estão desequilibradas, logo os preços devem continuar altos. Outro ponto abordado foi a necessidade de se reduzir os custos por meio da melhoria da infraestrutura de logística. Porém, além do aumento da capacidade portuária e de transporte interno, é preciso decisões políticas como a priorização do desembarque de fertilizantes nos portos, reduzindo o tempo de espera dos navios. Fonte: Embrapa Soja. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.