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02/Mai/2022

CASE IH: crescimento das vendas no Brasil em 2022

O peso do Brasil para o resultado da Case IH no mundo continuará aumentando nos próximos anos, mesmo que o País já seja hoje o segundo maior mercado da empresa de máquinas agrícolas, integrante do grupo CNH Industrial. O presidente global da marca, Scott Harris, que esteve no Brasil na semana passada para visitar a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), afirmou que a participação de mercado de produtos da empresa no País é uma das maiores do mundo e deve seguir em ascensão. "O Brasil vai continuar crescendo em importância para a nossa marca, por uma série de razões. Primeiro, porque a participação dominante que temos aqui nos segmentos em que atuamos é consideravelmente boa. Mas há também áreas em crescimento e novos mercados estão sendo abertos, em partes desse País em que não somos bastante grandes ainda e que representam uma tremenda oportunidade para a nossa rede seguir em expansão", disse Harris. "O Brasil poderia contribuir de forma ainda maior para o nosso resultado total", continuou.

A CNH Industrial, grupo detentor da marca Case IH, não divulga resultados por marcas. Em 2021, as vendas de máquinas agrícolas da companhia atingiram US$ 14,7 bilhões, alta de 34,8% em comparação a 2020. Na América do Sul, somaram US$ 2,35 bilhões, 58% acima do ano anterior. A participação de mercado no Brasil de produtos estratégicos para a marca, como tratores de média e alta potência, está entre as maiores que a empresa possui no mundo, impulsionada pela introdução de novos itens nos últimos dois anos. O vice-presidente da Case IH para a América Latina, Christian Gonzalez, destacou que a marca renovou 80% de seu portfólio desde 2019. "Quando falamos em market share, estamos tratando de um número genérico. O que prezamos é ter uma posição dominante nos segmentos que são chave para nós, como tratores de média e grande potência, máquinas para grandes culturas, como colhedoras de cana-de-açúcar e colheitadeiras (de grãos)", pontuou Harris.

Em linha com as estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a Case IH trabalha com perspectiva de crescimento do mercado brasileiro de máquinas agrícolas em 5% a 10% em 2022 em comparação com o ano passado. O fator que pode alterar o resultado não é a alta dos custos de produção ou mesmo as restrições orçamentárias do governo brasileiro para oferecer mais crédito a taxas atrativas aos produtores, mas a dificuldade de receber matérias-primas na velocidade regular. "O mercado poderá ser maior ou menor, a depender da capacidade da cadeia de abastecimento de atender à indústria. A demanda existe, se nós e nossos concorrentes tivermos condições de entregar a produção o mercado deve ser maior que o de 2021", disse Harris. Os estoques de maquinário da empresa e seus revendedores estão excepcionalmente baixos, enquanto a demanda dos clientes continua alta. Há problemas em toda a cadeia, nos portos, além da falta de caminhões.

"Não é sempre que todas as regiões do mundo experimentam o mesmo tipo de demanda e crescimento, geralmente há diferenças. Mas não agora, a demanda é forte em todas as regiões do mundo", comentou o presidente global da Case IH. Questionado sobre a possibilidade de o aumento dos custos da produção agrícola limitar os investimentos em máquinas neste ano, Harris afirmou que a rentabilidade no campo mais que compensa os gastos adicionais. A alta dos custos, das taxas de juros e restrições orçamentárias do governo brasileiro são três pontos negativos no meio de um conjunto de aspectos positivos. "São pontos negativos desafiadores, mas do outro lado temos, primeiro, a perspectiva de produtividade e produção grandes, de uma grande safra. O segundo ponto são as cotações das commodities agrícolas: os preços locais estão realmente altos, isso mais do que compensa a alta dos custos de produção", argumentou.

"O resultado disso é que teremos muitos recursos, margens, então a demanda deverá ser alta", afirmou Harris. A capacidade produtiva da Case IH no Brasil hoje, com suas três plantas, em Curitiba (PR), Sorocaba (SP) e Piracicaba (SP), é suficiente para suprir a demanda esperada no mercado regional. A companhia não abre dados sobre investimentos em expansão de capacidade, mas Gonzalez conta que a marca vem destinando recursos para isso, não apenas no Brasil. Em 2021, parte dos R$ 100 milhões voltados à nova linha de colhedora de cana-de-açúcar, a Austoft 9000, lançada no início de abril foi direcionada à fábrica de Piracicaba (SP), de onde saem as três colhedoras da linha. Já o desenvolvimento de produtos voltados ao mercado brasileiro deve envolver altos investimentos. A promessa é chegar a 2023 com 100% de novas máquinas da empresa com conectividade. Em fevereiro, o grupo CNH Industrial anunciou que investirá US$ 2,6 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em âmbito global até 2024, nas divisões agrícola e de construção, com uma parte considerável ao Brasil.

Para a agricultura, especificamente, a previsão é quase dobrar os investimentos em P&D e Capex (em bens de capital) no período, para US$ 4 bilhões, com foco em inovações em automação e autonomia das máquinas, conectividade e combustíveis alternativos. A velocidade de substituição de máquinas mais antigas por outras novas e conectadas no Brasil depende menos da intenção do produtor e mais da oferta de crédito. Mesmo a Case IH, focada em "produtores profissionais", precisa em alguma medida das linhas governamentais com taxas equalizadas pelo governo. "Somos uma marca que atende produtores profissionais, o que não significa atender apenas grandes produtores, mas pequenos produtores que querem elevar a tecnologia e a produtividade. O desejo do produtor em ter tecnologia existe, mesmo os menores, mas para haver renovação de frota é preciso ter tudo, crédito e máquinas", disse Gonzalez. Apesar da dependência relevante dos produtores de crédito subsidiado, a empresa vem observando um importante aumento das compras com caixa próprio. "Eles tiveram duas ou três safras muito boas, então fazem a conta e pensam que pode ser melhor vender o grão e pagar a máquina com dinheiro. Estão capitalizados." Fonte: Broadcast Agro.