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02/Mai/2022

JOHN DEERE prevê expansão das vendas no Brasil

Aumento dos custos de produção, taxas de juros bem mais altas que há um ano e gargalos na cadeia de suprimento não devem ser impeditivos para que a John Deere e demais fabricantes de máquinas agrícolas aumentem suas vendas neste ano. O presidente da John Deere Brasil, Antonio Carrere, disse enxergar um novo ciclo de crescimento do setor, de ao menos dois anos, sustentado pela contínua demanda global por alimentos. Carrere assumiu o cargo em janeiro, após o ex-presidente da companhia no Brasil Paulo Herrmann ter se aposentado. "O protagonismo global do agronegócio brasileiro está só começando. O mundo começa a perceber sua dependência do setor e a responsabilidade que o Brasil tem como produtor de grãos e proteína. A demanda só aumenta porque dois grandes produtores, Ucrânia e Rússia, não vão produzir como se esperava", disse Carrere. "Iniciamos 2022 prevendo crescimento do mercado mais próximo de 5%, mas a visão mudou por causa da demanda global por grãos, proteínas e fibras fortalecida pela guerra na Ucrânia.

Agora estimamos um avanço do mercado mundial de máquinas agrícolas de 5% a 10%, sendo que na América Latina é onde mais vai crescer", afirmou. Na região, segundo ele, o avanço deve ficar mais próximo dos 10% do que dos 5%. A projeção é semelhante à da Abimaq para o setor nacional, de 5% a 9% de avanço. Assim como em 2022, o ano de 2023 também deve ser de fortes vendas de todo o setor, diz Carrere. Para 2024 ele considera a possibilidade de uma desaceleração, tendo em vista que a agricultura é uma atividade cíclica, mas não descarta mais um ano de expansão caso ocorram problemas climáticos na América do Norte, por exemplo. O mercado brasileiro de máquinas agrícolas já vem de um ciclo de crescimento progressivo. Em 2020, as vendas aumentaram 18%; no ano passado, avançaram 42%, segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos agrícolas da Abimaq. "Nos últimos três dias, falando com clientes, empresários, empreendedores, todos estão muito entusiasmados com o futuro", afirmou.

A instabilidade política e econômica histórica na América do Sul, sempre apontada como desvantagem competitiva em relação a outros mercados agrícolas, confere a produtores brasileiros e latino-americanos resiliência para lidar com a volatilidade global esperada nos próximos anos, avalia o executivo. "Os agricultores daqui estão muito bem preparados para enfrentar esse futuro, de volatilidade e incertezas", diz. Em 2021, o Brasil se tornou o maior mercado global de colheitadeiras (considerando todas as marcas), superando os Estados Unidos, país líder de vendas da companhia, de acordo com Carrere. A empresa não detalha o ranking de seus principais consumidores, mas Carrere destaca a importância da América Latina, de cujo mercado o Brasil é líder, que vem crescendo todos os anos. "A relevância da América Latina vai continuar aumentando", afirma. A Europa é hoje o maior mercado global de maquinário, seguida dos Estados Unidos e da América do Sul.

Apesar de contar no momento com alguns produtos disponíveis para pronta entrega, como modelos de tratores de menor porte e colhedoras de cana, Carrere diz que ainda há dificuldades no abastecimento de peças e dispositivos pela cadeia de suprimentos. As compras de equipamentos destinados a grãos, por exemplo, precisam ser planejadas para que os produtos sejam entregues no momento necessário. O problema, que surgiu com a pandemia de Covid-19 e levou à redução ou interrupções das operações em fábricas em todo o mundo, bem como à desorganização da cadeia logística global, pode se estender com eventos recentes, avalia ele. "A guerra na Ucrânia, que tem um efeito positivo para o agronegócio (eleva os preços das commodities agrícolas), deve, junto com a nova onda de Covid-19 na China, ter impacto nas cadeias de suprimento. O fato de Xangai continuar fechada traz um grande efeito para o fluxo global de navios e o mundo hoje está muito conectado; nós somos uma empresa global", argumentou. Fonte: Broadcast Agro.