ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Abr/2022

Fertilizantes: Brasil vulnerável a efeitos da guerra

Mesmo com alguns volumes de adubos ainda chegando da Rússia ao Brasil, o País tende a ser o mais vulnerável às restrições no fornecimento russo, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso porque a América do Norte e a Europa já garantiram adubos para suas safras 2022/2023, enquanto o Brasil está no período de aquisições dos insumos para a safra de verão (1ª safra 2022/2023). Segundo o Rabobank, os países da América Latina, no primeiro momento, serão os mais vulneráveis aos gargalos no fornecimento da Rússia. O Brasil importa 85% dos fertilizantes consumidos anualmente. Deste montante, cerca de 22% vêm da Rússia. Em contrapartida, o Brasil não necessita de grandes quantidades de adubos até setembro, com os insumos podendo chegar aos portos em julho-agosto.

O fato de ser período de baixa sazonalidade de janela de compras do Hemisfério Norte ajuda o Brasil, mas não será o suficiente para repor o grande volume que a Rússia destina ao Brasil. A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes ao Brasil. A disponibilidade de potássio para a safra de grãos de verão (1ª safra 2022/2023), plantada a partir de setembro, pode ser comprometida. Desta forma, a colheita de soja do Brasil em 2023 pode ser a primeira safra a sofrer impactos negativos no abastecimento de insumos decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia. A Austrália e a Índia também são consideradas como as primeiras regiões "em risco" de disponibilidade de adubos pela crise na oferta de fertilizantes, contudo, com particularidades e menor exposição que os países da América Latina.

A situação da Índia é amenizada porque o país adquiriu volumes substanciais de potássio e nitrogênio nos últimos meses para uso na safra que começa a semear em junho, porém, mesmo em menor grau, não passa ilesa aos reflexos do conflito. Neste mês, duas estatais indianas realizaram leilão para compra de cloreto de potássio e não encontraram oferta de vendas. De fato, o Brasil tem maior vulnerabilidade ante os reflexos da guerra no mercado de adubos na comparação com outros importantes players produtores de grãos. Os Estados Unidos e a Europa pagaram caro pelos fertilizantes, mas compraram. Já o Brasil está atrasado nas compras. A aquisição dos adubos para a safra de verão (1ª safra 2022/2023) deveria estar sendo concluída para chegarem no período adequado antes do plantio da safra de verão, semeada a partir de setembro.

O prazo considera transporte marítimo de 45 a 60 dias, desembaraço de descarregamento, mistura pelas fabricantes e entrega dos produtos finais aos produtores. A Europa e os Estados Unidos não precisam comprar volumes expressivos para o segundo semestre, enquanto as compras do Brasil são concentradas para uso no segundo semestre. Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Mesmo em um cenário de encerramento em breve do conflito, o que aparenta estar distante diante da falta de sinalização de um cessar-fogo entre os países, ainda levará alguns meses para a Rússia normalizar a situação dos embarques. A safra de verão (1ª safra 2022/2023) brasileira enfrentará um nó logístico internacional.

O Rabobank considera que além da resolução do conflito, o fim das sanções será determinante para restabelecer o fluxo de exportações russas, já que este depende da solução dos entraves de pagamento e gargalos logísticos. Fora isso, diferentemente do Brasil, outros países podem se beneficiar de uma retomada de Belarus no fornecimento de cloreto de potássio (KCl), que busca emitir licenças de exportação para empresas não inclusas no rol de sanções europeias e norte-americanas. A medida, contudo, tende a ser lenta e se for posta em prática tende a ser apenas no segundo semestre, o que é inviável à safra de grãos 2022/2023 do Brasil. Outras origens que poderiam contribuir com parte da oferta russa no abastecimento ao Brasil estão sobrecarregadas, como o Canadá, ou são recentes no fornecimento de fertilizantes ao País, como os países da Liga Árabe. É um movimento muito recente. Qualquer parceria comercial nesse sentido leva tempo para se colocar em andamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.