20/Abr/2022

O Itaú BBA anunciou a compra de 12,82% de participação no marketplace de insumos agrícolas Orbia, fundado no fim de 2019 e que tem a alemã Bayer como controladora, agora com 59,98% das ações. O valor da operação não foi divulgado. Em 2021, a Orbia registrou R$ 902 milhões em negócios fechados em sua plataforma, quase cinco vezes mais do que os R$ 200 milhões do ano anterior. O investimento do Itaú BBA deve representar uma expansão relevante do raio de alcance do banco, cuja atuação no agro tem sido focada nos médios e grandes produtores. A entrada na Orbia é um game changer (virada de jogo) muito importante, do número de clientes para onde o crédito do Itaú fluirá. De acordo com o Censo, cerca de 800 mil produtores rurais tomam crédito no País; a base da Orbia é de 200 mil, um número muito expressivo. A Orbia surgiu de uma joint venture entre a Bayer e a Bravium, empresa focada em programas de fidelidade, que passa a deter 14,99% das ações após a aquisição de participação pelo Itaú BBA.

A fabricante de fertilizantes Yara Brasil é outro acionista, com 12,21% das ações. Hoje, a Orbia conta com cerca de 193 mil produtores cadastrados e a perspectiva é chegar a pelo menos 230 mil até o fim do ano. Esses agricultores têm portes diferentes, produzem diversas culturas e representam 72% da área plantada no Brasil. A Orbia é muito representativa em área plantada, pois tem desde grandes produtores do Cerrado e usinas de cana-de-açúcar de São Paulo até os pequenos agricultores de café e hortifrútis do Sul de Minas. O número de distribuidores conectados na plataforma, mais de 250, corresponde a 20,5% da rede de distribuição de insumos agrícolas do País. Inicialmente, o Itaú BBA oferecerá crédito para os agricultores adquirirem os insumos agrícolas necessários para a viabilizar a safra, como sementes, fertilizantes e defensivos químicos, cujas vendas correspondem a 95% das transações feitas pela Orbia.

Até então, tais negócios eram financiados pelas próprias revendas de insumos com loja virtual na plataforma ou pela agfintech Agrolend, com quem a Orbia fechou parceria no mês passado. Na prática, o produtor escolherá os produtos no marketplace e em seguida poderá optar por emitir um boleto para o dia seguinte ou com prazo safra. O Itaú BBA comprará os boletos, antecipando o pagamento à Orbia e recebendo, na época da colheita, o dinheiro concedido com taxas de mercado. Para agilizar a aprovação do recurso, haverá um trabalho prévio do banco de inserir em um modelo de crédito dados dos produtores reunidos na plataforma para, com eles, pré-aprovar limites de empréstimo. O Itaú BBA só acessará dados dos que autorizarem o compartilhamento das informações, conforme determina a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Os produtores não precisarão apresentar Cédula de Produto Rural (CPR) para obter financiamento.

Não há estimativa do montante a ser liberado nos primeiros doze meses, mas o plano é ter escala considerável. A expectativa é de que seja algo grande, que o produtor financie o seu custeio pela plataforma. É um olhar diferente de aprovar um limite baixo para o produtor financiar acessórias para a safra. O Itaú quer construir a operação com um produto simples e depois fortalecer as opções de financiamento, com por exemplo liquidação em grãos, máquinas. Há bastante espaço a explorar. O valor médio dos negócios feitos por agricultores na Orbia vem aumentando ano a ano. Hoje, é de R$ 180 mil e a parcela dos insumos necessários para uma safra adquiridos pela plataforma cresce a cada temporada. A partir do momento que o produtor ganha confiança, eleva o tíquete médio. Alguns começaram com 10%-15% dos insumos da safra, avançaram para 20%-25% e alguns já fazem metade das compras na Orbia. É um processo de adoção da tecnologia.

A Orbia tem condição e ambição de fornecer o pacote inteiro de insumos. Para 2022, a meta é atingir cerca de R$ 3 bilhões em negócios fechados no marketplace, três vezes mais do que em 2021. A parceria com o Itaú BBA busca também reduzir a fricção e tornar a jornada no marketplace o mais simples possível. Há uma tendência de os agricultores migrarem de uma jornada em que levantam os produtos necessários para a safra, vão ao banco solicitar crédito, verificar limite, apresentar CPR (Cédula de Produto Rural), e irem para uma venda contextualizada, com o financiamento embedded (embutido) na operação. A nova composição societária da Orbia passará a valer após aprovações da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pelo Banco Central (Bacen). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.