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12/Abr/2022

Fertilizantes: problemas de oferta elevam os preços

Em tempos turbulentos, estabelecer estratégias é essencial. A primeira consequência da guerra russo-ucraniana foi toda uma série de aumento de custos, que, aliás, já vinham subindo em função da pandemia de covid-19. Entre eles, o do adubo, o fertilizante do solo, fundamental para o cultivo em solos tropicais. Sem fertilizante a produção nos trópicos despenca. O Brasil importa 85% do fertilizante que consome, sendo 23% dele importado da Rússia. A guerra lá nos afeta aqui. Considerando os últimos cinco anos, em função da tremenda expansão da agricultura brasileira, a taxa de importação de adubo cresceu 7,3% ao ano.

E a produção nacional de adubo? A produção, nesse mesmo período, caiu 8% ao ano. Foi sempre assim? Não, não foi sempre assim, mas nunca o Brasil foi autossuficiente. Na década de 90, estima-se que metade do adubo consumido pela agricultura brasileira era produzido internamente. O que mudou de lá para cá? Foram vários os motivos, dentre eles o preço do adubo importado, menor do que o produzido internamente, talvez em função das políticas fiscais, como, por exemplo, a isenção da tributação do importado e da taxação do nacional.

E a área explorada aumentou. O que fazer? Talvez, apesar do apelo do mercado, fosse interessante o Brasil ter uma política de segurança alimentar que incentivasse a produção nacional de fertilizantes, diante da demanda crescente e projeção do consumo futuro. Pode piorar? Por fim, para agravar o quadro, motivados pela pandemia e pelo conflito, países que dependem da importação passaram a estocar o produto, diminuindo a oferta global e consequentemente fazendo com que os preços subissem. Com a expansão da agricultura, notadamente a agricultura racional e tecnológica, o consumo de fertilizantes aumentou.

Produzir mais significa consumir mais adubo. O quadro é preocupante. Certamente não faltará adubo, mas o preço subirá. Já subiu. O custo de produção aumentou, a comida ficou cara, teremos mais fome, no mundo e no Brasil. Ações para amenizar esse quadro, tais como auxílios emergenciais, deixarão de ser uma opção para ser uma necessidade. O boicote econômico e as sanções financeiras à Rússia certamente não facilitarão o quadro para o Brasil. Se isso perdurar, a corrida será encontrar outros países produtores de adubo. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.