31/Mar/2022

A Boa Safra, uma das principais produtoras de sementes de soja do Brasil, com atuação em 11 Estados, reportou crescimento de 82% no lucro líquido em 2021, chegando a R$ 127,8 milhões ante R$ 70,2 milhões no ano anterior. O Ebitda aumentou 37,9% entre 2020 e 2021, passando de R$ 105,1 milhões para R$ 144,9 milhões. A margem Ebitda, em contrapartida, diminuiu 3,98 pontos porcentuais no ano passado, ficando em 13,88%. O Ebitda ajustado somou R$ 148,3 milhões, 43,7% acima do registrado no intervalo correspondente de 2020. A receita líquida ultrapassou no ano passado R$ 1 bilhão, atingindo R$ 1,044 bilhão, 77,45% acima dos R$ 588,5 milhões contabilizados em 2020. Para se ter uma ideia do que esse salto (de 77,5% da receita líquida) representa, o CAGR (taxa de crescimento anual) entre 2018 e 2022 foi de 38%. Em 2021, foi possível dobrar a taxa histórica de crescimento.

Um dos fatores que sustentou o resultado foi o crescimento de 75% das vendas de sementes que recebem tratamento industrial com defensivos agrícolas (TSI), que dispensa o processo nas fazendas: de 12 mil big bags em 2020 para 21 mil big bags em 2021 (1 big bag equivale a uma tonelada de sementes de soja). Mesmo com o crescimento expressivo, as sementes TSI representaram cerca de 20% das sementes comercializadas pela companhia. Há uma larga avenida de crescimento a ser percorrida. Também contribuiu para o resultado positivo no ano o aumento de 35,5% das vendas de sementes de soja com biotecnologia: 62 mil big bags para 84 mil big bags. A representatividade destas sementes também cresceu: em 2020, o volume vendido correspondeu a 67,4% do total comercializado pela empresa, de 92 mil big bags.

No ano passado, as 84 mil big bags representaram 80,8% das 104 mil big bags vendidas, número que representa alta de 13% em relação às 92 mil big bags de 2020. Contribuiu para o avanço o maior número de cultivares com biotecnologias. Hoje, de um total de 48 cultivares, 18 têm novas biotecnologias Intacta 2 Xtend (da Bayer) e Soja Enlist E3 (Corteva) embarcadas. O aumento das vendas de sementes com biotecnologia deve continuar tendo em vista que a empresa está adicionando quatro novas biotecnologias para o ano de 2022. Sementes com mais tecnologia têm maior valor agregado, podendo alcançar até 4,1 vezes mais que o preço do grão. A Boa Safra informou ainda que ampliou sua participação no mercado nacional de sementes de soja de 5,7% em 2020 para 6,1% em 2021. Em 2019, a empresa tinha market share de 1,9%.

Os custos da companhia aumentaram 82,09% entre 2020 e 2021, de R$ 466,9 milhões para R$ 873,6 milhões, em virtude principalmente da alta dos insumos, incluindo grãos que são comercializados in natura ou beneficiados e vendidos como semente, custos com royalties e aumento da despesa com pessoal. A empresa encerrou 2021 com caixa e equivalente de caixa de R$ 284,42 milhões, 8,5 vezes maior que o de 2020. A dívida bruta no fim do ano era de R$ 147,3 milhões, dos quais 60,5% ou R$ 89,2 milhões com amortização em menos de um ano. A empresa informou, ainda, que iniciou em fevereiro e em março a construção dos seus primeiros Centros de Distribuição, em Sorriso (MT) e Balsas (MA), respectivamente, cada um com capacidade de armazenagem inicial de 20 mil big bags (20 mil toneladas). A empresa registrou lucro líquido de R$ 30,8 milhões no quarto trimestre de 2021, recuo de 20,2% na comparação com o quarto trimestre do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) diminuiu 15,2% na comparação anual, somando R$ 37,8 milhões entre outubro e dezembro de 2021. A margem Ebitda recuou 9,82% na mesma base de comparação, de 19,21% para 9,39%. A receita líquida foi de R$ 403,2 milhões no trimestre, 73,6% maior do que os R$ 232,2 milhões apurados em igual período de 2020. No 4º trimestre de 2021 houve a finalização do plantio de soja pelos produtores integrados da companhia, que já havia sido realizado, em grande parte, no terceiro trimestre do ano passado, devido às chuvas no período. Em dezembro, o plantio nos campos de sementes atingia aproximadamente 97% da área total. A empresa reforçou, além disso, que o quarto trimestre é marcado pelo término de embarques de sementes, forte faturamento e resultado e menor posição de estoque.

Apesar da queda de 22,3% na margem Ebitda entre 2020 e 2021, de 17,86% em 2020 para 13,88% em 2021, a Boa Safra tem como alvo para 2022 uma margem Ebitda semelhante à do ano passado. A margem Ebitda indica o percentual da receita líquida que a companhia conseguiu converter em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). De fato, houve uma redução de margem de 2020 para 2021, mas a margem de 202q é estratégica e é a meta, porque traz um resultado, um ROI (retorno sobre investimento) bom e permite manter o ritmo de crescimento dos últimos anos. A empresa tem feito investimentos e há potencial de crescimento orgânico. Em linha com o plano de crescimento, a Boa Safra focará em ganhar participação no mercado de sementes de soja.

Desde 2019, a empresa saiu de um market share de 1,9% para 5,7% em 2020 e 6,1% em 2021. Ganhar market share será o foco da companhia até 2026. O objetivo é entregar crescimento bem agressivo nos próximos anos. A expansão da capacidade produtiva, das vendas e da participação de sementes tratadas, mais caras, deve contribuir para os objetivos da empresa. Com as expansões das plantas de produção de Cabeceiras (GO) e Buritis (MG) já concluídas e parte da ampliação da fábrica de Jaborandi (BA) prevista para ser finalizada nas próximas semanas, a empresa deve atingir uma capacidade de produção anual de 170 mil big bags, o equivalente a 170 mil toneladas. As vendas, assim, também devem crescer, de 104 mil big bags em 2021 para algo entre 144,5 mil e 153 mil big bags, 10% a 15% menor do que a capacidade produtiva total.

No dia 27 de março começaram a ser testados os equipamentos da unidade de Jaborandi (BA) e metade da fábrica deve começar a operar nas próximas semanas, para atender à demanda deste ano. A obra vai demorar alguns meses para terminar. Sobre novos projetos de expansão da capacidade produtiva, a empresa deve anunciar mais obras nos próximos meses, para sustentar um crescimento acelerado. A empresa está construindo seus primeiros dois Centros de Distribuição de sementes, em Sorriso (MT) e Balsas (MA), que devem estimular maiores vendas de sementes de alta qualidade, por permitirem que produtores destas regiões recebam o produto poucos dias antes do plantio, mantendo as sementes por mais tempo em ambiente ideal de armazenagem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.