ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Mar/2022

Fertilizantes: produtor preocupado com alto custo

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, as companhias de navegação evitaram atracar em São Petersburgo, na Rússia, para coletar mercadorias. Isso, junto ao impacto das sanções financeiras do Ocidente contra Rússia, significaram que as exportações de fertilizantes da Rússia (o maior produtor mundial) caíram drasticamente. No Senegal e no Marrocos, por exemplo, as carteiras de pedidos estão cheias até o fim do ano. Se houver alguma opção diferente da Rússia, será muito caro. Os preços dos fertilizantes já eram altos antes da guerra e agora atingiram níveis recordes em meio a uma queda vertiginosa na oferta russa, de acordo com o CRU Group, que analisa os mercados de commodities.

Ao mesmo tempo, o gás natural mais caro, outra exportação russa e um ingrediente crucial na fabricação de fertilizantes, levou as fábricas europeias a reduzir a produção. O resultado é que os fertilizantes são cerca de três a quatro vezes mais caros agora do que em 2020, com consequências de longo alcance para a renda dos agricultores, rendimentos agrícolas e preços dos alimentos. Alguns produtores estão comprando metade de seu estoque habitual de fertilizantes, o que deve levar a rendimento substancialmente menor. A luta dos agricultores começou antes da guerra. Os custos de energia mais altos no ano passado elevaram os preços dos fertilizantes, assim como novas restrições e exigências de licenciamento de exportação pela China, Turquia, Egito e Rússia.

O preço do fertilizante de ureia quadruplicou nos últimos nove meses. Colheitas menores atingirão os países em desenvolvimento mais duramente e forçarão seus governos sem dinheiro a importar grandes quantidades de alimentos básicos, como trigo a preços altos. Os preços globais dos alimentos em fevereiro atingiram seu ponto mais alto desde que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) começou a coletar dados mensais, há três décadas. A insegurança alimentar tende a piorar. A Global Network Against Food Crises, aliança de grupos humanitários e de desenvolvimento, estima que, em setembro, 161 milhões de pessoas em 42 nações em 2021 enfrentaram desnutrição aguda ou foram forçadas a vender ativos ou tomar outras medidas desesperadas para obter alimentos, uma alta de 19% desde o início do ano.

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola da ONU, está preocupado que o violento conflito na Ucrânia, uma catástrofe para os diretamente envolvidos, mas também uma tragédia para as pessoas mais pobres do mundo que vivem em áreas rurais e não podem absorver os aumentos de preços de alimentos básicos e insumos agrícolas que resultarão das perturbações no comércio global. A interrupção no fornecimento de trigo da Ucrânia pode ser boa para alguns dos maiores exportadores de alimentos do mundo, que verão os preços dos produtos subir. Entre eles, está a Argentina. Os produtores argentinos estão reduzindo o uso de fertilizantes.

A ureia agora custa US$ 1.400,00 por tonelada, acima dos US$ 800,00 por tonelada do ano passado e dos US$ 500,00 por tonelada de 2020. Assim, pode haver redução na semeadura de trigo este ano. Os produtores de fertilizantes estão alertando para a escassez contínua. Depois que a invasão da Rússia elevou os preços do gás natural na Europa a níveis recordes, muitas empresas reduziram a produção de amônio, que é usado para fazer fertilizantes nitrogenados. Embora os preços dos futuros europeus de gás natural tenham caído desde o início de março, eles permanecem cerca de 40% mais altos do que antes da invasão da Ucrânia.

A Borealis AG, uma grande fabricante europeia de fertilizantes, disse este mês que está operando suas plantas de amônia com capacidade reduzida. A Nitrogénmuvek Zrt., um produtor húngaro, porém, está interrompendo temporariamente a produção de amônio. A Yara International, com sede na Noruega, uma das maiores produtoras de fertilizantes do mundo, disse no início de março que limitaria a produção em fábricas na França e na Itália, reduzindo sua produção europeia de amônio e ureia para cerca de 45% da capacidade. A preocupação da Yara com a próxima temporada é que as nações que já estão em uma posição vulnerável enfrentarão condições de deterioração, principalmente se dependerem das importações líquidas de alimentos e fertilizantes.

Segundo a CF Industries Holdings Inc., fabricante de fertilizantes nitrogenados com sede em Deerfield, Illinois (EUA), mesmo que o gás natural se torne menos caro, reiniciar as usinas de amônio tem custo alto. A empresa mantém uma de suas fábricas no Reino Unido fechada desde setembro. É preciso uma janela para que seja possível operá-lo por pelo menos três a seis meses de forma lucrativa. Caso contrário, é muito difícil dar andamento ao processo de inicialização. O fato é que a empresa não vê a janela como uma probabilidade no momento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.